Justiça analisa defesa do Oficina; Zé Celso e atores ainda podem ser presos

Doente, Zé Celso não pôde ir à audiência desta segunda (8) – Foto: Julia Chequer/Arquivo R7/7-4-2010

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

Os atores Tony Reis e Mariano Mattos Martins, do Teat(r)o Oficina, compareceram à audiência no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, na tarde desta segunda-feira (8). Eles são acusados, juntamente com o diretor José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, de “crime contra o sentimento religioso”.

A ação foi movida pelo padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, de Goiás, depois que este assistiu pelo YouTube, na internet, um vídeo com cenas da apresentação da peça Acordes na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 2012, durante a greve de alunos, professores e funcionários que protestavam contra a posse da professora Anna Cintra no cargo de reitora, já que esta havia ficado em terceiro lugar na votação feita com a comunidade acadêmica.

Ao ver em seu computador uma cena na qual um boneco se assemelhava ao Papa Bento 16, o padre goiano resolveu entrar na Justiça contra o diretor e os dois atores que faziam a cena, alegando que esta feria seu sentimento religioso.

Zé Celso, também arrolado no processo, não compareceu à audiência desta segunda, que durou cerca de 20 minutos, em virtude de uma forte gripe.

O diretor, que tem 78 anos, enviou atestado médico por meio dos advogados Fernando Castelo Branco e Fernanda de Almeida Carneiro, que apresentaram a defesa dos três artistas ao juiz por escrito, conforme permitido no processo.

Diante do material, o juiz pediu tempo para analisá-lo de forma minuciosa.

Zé Celso e atores do Oficina podem ser presos

Desse modo, não houve ainda uma decisão final sobre o futuro dos três artistas do Oficina. O crime do qual são acusados pode render pena de até um ano de cadeia, caso a decisão da Justiça, cuja data ainda não foi divulgada, seja favorável ao padre goiano.

A primeira audiência foi em 5 de novembro de 2014, quando os atores se recusaram a assinar um documento de reconhecimento de culpa. Eles ouviram do promotor que estariam “se escondendo através do teatro para dizer impropérios e incitar a violência”.

Indignado, Zé Celso considerou absurda a acusação, que classificou como “um crime contra a arte do teatro”.

O Oficina é considerado o mais importante grupo teatral do Brasil, e Zé Celso é um dos encenadores latino-americanos mais reconhecidos em todo o mundo, tendo sido perseguido, preso e exilado durante a ditadura civil-militar que vigorou no Brasil entre 1964-1985.

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Tony Reis e Mariano Mattos Martins em cena da peça Acordes, do Oficina – Foto: Fermozelli

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1 Resultado

  1. Almanakut Brasil disse:

    O artigo 208 do Código Penal criminaliza o escarnecimento de alguém publicamente por motivo de crença ou culto religioso e prevê até um ano de cadeia.

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