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Pascoal da Conceição faz protesto de amor na revista Veja

Protesto de amor na Editora Abril: o ator Pascoal da Conceição foi vestido de Mário de Andrade à revista Veja, após a publicação chamar o escritor paulista de “medíocre” – Foto: Fredy Állan

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

O ator Pascoal da Conceição resolveu fazer um protesto inusitado nesta sexta (12), Dia dos Namorados.

O nome da performance foi Ato de Amor. Ela foi realizada no prédio da Editora Abril, que edita a revista Veja, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

Na hora do almoço, Pascoal entrou no prédio e declamou poemas, trechos de crônicas e do livro Macunaíma, todos do escritor paulista Mário de Andrade, que Pascoal já interpretou no teatro e na TV. Pascoal é conhecido em todo País também por ter vivido o personagem Doutor Abobrinha, do premiado infantil Castelo Rá-Tim-Bum, na TV Cultura.

Pascoal pensou a ação como resposta a uma matéria de Veja, que afirmou que Mário de Andrade foi um artista “covarde” e “medíocre”.  Como não concorda com as definições, resolveu fazer a ação performática.

O ator fez questão de citar um trecho da obra de Andrade:

“Não prego a guerra nem a paz, eu peço amor em todos os seus…
Não prego a paz universal e eterna, Deus me livre!
Eu temo que uma paz obrigatória nos fizesse esquecer o amor…
Nós somos na terra o grande milagre do amor!!!”

Flores aos jornalistas da revista: Pascoal da Conceição, caracterizado como Mário de Andrade, no 19º andar do prédio da Abril, onde fica a Veja, em São Paulo – Foto: Divulgação

Ao Atores e Bastidores do R7, logo após terminar sua intervenção artística, Pascoal contou que a recepção de muitos dos funcionários da Abril foi acolhedora. “Uma jornalista fez questão de vir até a mim e me dizer que ela não trabalhava na Veja”, conta.

“Resolvi colocar meu lado”

O ator lembrou que vivemos em tempos democráticos e afirmou que os artistas precisam se colocar mais e não ficarem acuados ou com medo. “Eu acho que a gente pode falar por vários lugares. Eu sou ator e trabalho com Mário de Andrade há tanto tempo, por isso resolvi colocar o meu lado da questão, até por ser um estudioso de sua obra”, afirma.

O ator diz que “Mário falava sempre de a gente ter uma postura de amor”. Por isso, fez questão de levar flores para os jornalistas da Veja. “A gente chegou lá na portaria e eu levei flores. Fiquei cerca de uma hora na redação, falei para eles que eles também são brasileiros, e que o mundo todo deve ter ciência do que significa a obra de Mário de Andrade no Brasil e no mundo, por isso ele está sendo homenageado na Flip [Feira Literária de Paraty]. Creio que dentro da redação da Veja também haja quem ache a obra a obra de Mário de Andrade importante”, declara.

E reitera a necessidade de liberdade de expressão para todos: “Acho que a gente, em relação a algumas coisas, precisamos nos manifestar. O Mário de Andrade não é um autor medíocre, covarde e preguiçoso, como afirmou a Veja. Não entendi a troco de que a revista publicou essa posição. Talvez fosse um convite para eu ir lá mostrar um pouco da importância do Mário de Andrade”.

O paulistano Mário de Andrade (1893-1945) foi um dos grandes nomes do modernismo brasileiro: escreveu poesias, romances, ensaios e estudou nosso folclore e nossa música – Foto: Divulgação

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