A idade de Madonna ressuscita ou enterra seu legado?
Por ÁTILA MORENO*, no Rio
Aos 57 anos, completados neste domingo, dia 16 de agosto, Madonna, que estreia a Rebel Heart Tour, no dia 9 de setembro, no Canadá, ainda continua sendo uma incógnita.
Definir essa leonina e apostar no seu futuro é tentar acertar as peças de um cubo mágico.
Who´s that girl? O nome de uma clássica canção da cantora, e do filme que leva o mesmo nome em que ela atuou, de 1987, pode ser a melhor síntese que bombeia os tímpanos e a mente de qualquer um que tenta entender a artista? Take a bow.
Resumir Madonna não é fácil. Já tentou? Vários adjetivos (positivos ou negativos) parecem nunca dar conta do que seria a Rainha do Pop: a virgem, a profana, a sarcástica, a vadia, a mãe, a esotérica, a marqueteira, a eterna Material Girl.
Mas, Nothing Really Maters. Na verdade, ela mesma pode te dizer: Bitch I´m Madonna ou She´s Not Me ou Like a Virgin.
Madonna ultrapassou gerações
Desde o lançamento do seu primeiro single na carreira, Everybody, em 1981, Madonna praticamente ultrapassou gerações.
Cada álbum lançado conquista e chega até mesmo gerar debates acalorados numa legião de admiradores. Há aqueles que preferem a fase das décadas de 80, 90, 2000 e 2010. E há quem transite em todas.
Incrível perceber como é um verdadeiro ode ao Express Yourself ao longo de décadas. Nesse vídeo abaixo, repare em quantas Madonnas aparecem customizadas por drag queens, numa homenagem pelo conjunto da obra, que a artista recebeu em uma premiação da MTV americana. Veja o VMA:
Detalhe, o ano era 1999. Ela já tinha sido um Ray of Light que abalou a indústria musical e viria a sustentar ainda mais seu posto um ano depois com Music.
Guerrilheira
Quantas Madonnas vieram depois disso até 2015? Inúmeras. Veja só: a guerrilheira em American Life; o John Travolta de saias, em Confessions On a Dance Floor e a boxeadora/Marlene Dietriech em Hard Candy.
Quando deram pelo fim da carreira, ela ressurgiu como Cleópatra na apresentação histórica do campeonato Superbowl, em 2012. No mesmo ano, foi ao Inferno de Dante, encarnada de Varla, anti-heroína vivida por Tura Satana em Faster, Pussycat! Kill! Kill!, de 1965, na era do álbum MDNA.
Chegamos a 2015, e cá está ela de novo com a era Rebel Heart, sendo vista como velha demais para o show business, sofrendo boicote de rádios devido à idade, lidando com a misoginia e driblando o complexo jogo da indústria fonográfica atual.
Madonna não se recusa a aceitar que o destino do senso comum lhe reserva: o papel de artista, sentada num banquinho, no palco, reciclando antigos hits.
Supernova da pós-modernidade
Uma vez, o cantor Justin Bieber relatou que o desejo de todo artista é um dia chegar ao status de Madonna. E não deixa de ser verdade.
A jornalista Liz Smith acertou em cheio quando previu que a Rainha do Pop iria virar uma espécia de patrona das cantoras mais jovens. Direta ou indiretamente percebemos as bençãos já dadas para Britney Spears, Miley Cyrus, Nicki Minaj, Katy Perry, Rita Ora, Beyoncé e Taylor Swift.
É um caso peculiar na indústria da música e que merece ser estudado. Madonna praticamente virou vítima e um empreendimento de si própria. É uma Lucky Star da modernidade e uma supernova da pós-modernidade?
Só o futuro irá dizer, porém o passado e o presente mostram que ela vem persistindo em várias plataformas e programas da Era da Informação: vinil, VHS, MTV, CD, DVD, Napster, Torrente, Blue Ray, Orkut, Google, Youtube, Vimel, Facebook, Twitter, Snapchat e Tidal.
Pelo visto, o show ainda vai continuar. O que ficou depois disso tudo, só o tempo irá dizer.
*ÁTILA MORENO é jornalista formado pelo UNI-BH e tem pós-graduação em Produção e Crítica Cultural pela PUC Minas.