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Pelados em Flexões chega ao fim; saiba por quê

Foto de um dos ensaios do projeto Pelados em Flexões, de André Medeiros Martins - Foto: André Medeiros Martins

Foto de um dos ensaios do projeto Pelados em Flexões, de André Medeiros Martins – Foto: André Medeiros Martins

Por MIGUEL ARCANJO PRADO

O ator, performer e fotógrafo paulistano André Medeiros Martins acaba de decretar o fim do projeto que causou muito burburinho no meio cultural paulistano: Pelados em Flexões.

Com o slogan “nudez lúdica e pornografia barata”, o projeto apresentou mais de 300 ensaios onde o sexo e a nudez masculina estiveram em primeiríssimo plano.

Em entrevista exclusiva ao site, o artista de 33 anos revela por que resolveu acabar com o projeto, conta suas novas aventuras e decreta: “O problema da nudez masculina é o pau”.

Leia com toda a calma do mundo.

MIGUEL ARCANJO PRADO — Por que você resolveu acabar com o Pelados em Flexões?
ANDRÉ MEDEIROS MARTINS — Não acho mais que minhas fotos contribuem para a discussão sobre sexualidade de maneira sadia. Hoje, a utilização do corpo na Internet ficou demasiadamente estranha. Ao mesmo tempo que existem projetos incríveis que admitem o que está além da nudez e do sexo, a descuidada profusão de imagens que surgem na Internet começou a me incomodar. Quando inicia um jogo de vaidades e apenas provocações sem pensamento, aquilo deixa de me interessar. Sinto que já contribuí com os quase 300 ensaios que fiz, e agora quero sair do virtual, e continuar a discussão presencialmente.

MIGUEL ARCANJO PRADO — Como você criou este projeto e por quê?
ANDRÉ MEDEIROS MARTINS — Comecei a retratar nus a partir da morte da minha mãe, e a retratar o sexo explicitamente no final de um casamento. Para mim, o estado da nudez sempre teve a ver com aspectos emocionais. Por isso nunca me assumi “fotógrafo”. Sempre me atraiu muito mais o lado do comportamental do ato de se despir do que a foto em si.

MIGUEL ARCANJO PRADO — Como foi a repercussão do público ao projeto e também dos homens que posaram para você?
ANDRÉ MEDEIROS MARTINS — Nasci no dia primeiro de abril, conhecido por ser o Dia da Mentira. Este híbrido das histórias que vivemos reinterpretadas por um viés ficcional sempre me atraiu. Tendo isto como um guia o projeto passou por todas as dores e delícias disto. Existiram amores, recusas, compadecimento, estranhamentos. E isto tanto dos retratados como do público que acompanhou o projeto. Surgiram destes encontros musos, amigos, amores e até desafetos. Nada muito diferente do que a nossa vida ordinária propõe. O lance foi que sempre tentei preservar os afetos em todas as experiencias.

André Medeiros Martins (à esq.) com um de seus modelos em Pelados em Flexões – Foto: André Medeiros Martins

MIGUEL ARCANJO PRADO — Você pretende fazer algum projeto novo?
ANDRÉ MEDEIROS MARTINS — Eu não paro. Sou compulsivo. E tenho profundo interesse no tema. Então sabendo que deixaria este trabalho das fotos já me envolvi em duas produções como ator e performer. Uma é o Cabaré Falocrático,  dirigido por Dagoberto Feliz, em cartaz na Casa das Rosas, que aborda o tema pelo viés da poesia. E o outro é Anatomia do FAuno, que estreia em outubro, que mistura tudo o que trabalhei nestes últimos seis anos a partir do corpo, a nudez, do sexo e afins. Quero encontrar o público olho no olho, não mais apenas virtualmente.

MIGUEL ARCANJO PRADO — Vi que você, Zé Celso e Gustavo Vinagre gravaram um vídeo sobre a nudez masculina. Você acha que ainda há muito tabu em relação a ela? Por quê?
ANDRÉ MEDEIROS MARTINS — O problema da nudez masculina é o pau. Um homem não se sente confortável em mostrar seu pau mole, torto, franzino. Isto demonstra suas fragilidades. E o homem quer se mostrar viril, em estado de potência. E o pau rijo é tido como vulgar. Acho que o tabu maior da nudez masculina é a do homem ter culhão de mostrar o que é tido como feio do seu pau, e contrapor com outras forças do restante do seu corpo e da sua alma.

Conheça os ensaios de Pelados em Flexões: apenas para maiores de 18 anos

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