Por MIGUEL ARCANJO PRADO
A emoção foi grande para Bruna Guerin ao ser eleita melhor atriz do ano de 2015 na terceira edição do Prêmio Bibi Ferreira, na noite desta quarta (14), no Theatro Municipal de São Paulo.
A condecoração veio por conta de sua atuação em Urinal, o Musical, que segue em cartaz no Teatro do Núcleo Experimental, em São Paulo, sob direção de Zé Henrique de Paula.
Talvez tenha passado pela cabeça de Bruna momentos marcantes de sua carreira, como a gêmea do musical Garota Glamour, dirigida por Wolf Maya, em 2007, ou a mãe aflita de Hair, em 2010, ou a Bruxa Boa do Norte de O Mágico de Oz, de 2012, estes dois últimos sob direção de Charles Möeller e Claudio Botelho.
Bruna é cria da nova geração de atores que se destacam em musicais. É uma verdadeira atleta dos palcos. Na última década, se preparou diariamente para chegar, hoje, ao topo da carreira.
A atriz sempre dividiu sua agenda entre aulas de balé, de canto e sessões de fisioterapia, para manter o corpo disponível às personagens. Fez de tudo para ser uma atriz completa, capaz de não só cantar e dançar, como também de encarar dramas ou comédias.
“O teatro tem tantas possibilidades que, quando posso, tento me aprimorar para poder oferecer mais possibilidades como artista”, afirma.
Assim, consegue unir a técnica ao carisma para dar vida a Luz, a mocinha de Urinal. “Acredito que um ator é ator em qualquer segmento, veículo”, define.
Ao subir no palco do Municipal para buscar seu troféu, Bruna repassou toda uma vida dedicada às artes. E lembra do papel primordial que sua formação teve no desenvolvimento de sua carreira: “Na minha escola, desde o jardim da infância, música era matéria obrigatória. E o balé sempre fiz desde os quatro anos de idade”.
Foi assim que se deu bem logo no primeiro teste. “Quando me formei atriz, meu primeiro teste foi para uma peça musical porque precisavam urgente de atrizes que cantassem e dançassem”, recorda.
Com profissionalismo e garra, enfrenta os altos e baixos da incerta carreira de uma atriz. Sabe que é preciso muito esforço e que o glamour de receber prêmios não é o cotidiano. Por isso, mantém os pés no chão.
E recorda que o apoio da família sempre é fundamental. “Tive sorte de ter pais que sempre me apoiaram e me ajudaram muito no começo”, conta. E avisa a quem possa achar que ser atriz é um mar de rosas: “Escolher essa profissão para se tornar rico, é jogar na mega sena. Sabemos que infelizmente nossa profissão no Brasil é muito desvalorizada. E numa profissão com mais “não”s do que “sim”s, quanto mais um artista puder oferecer, mais trabalho aparece”, dá a dica.
Ela nunca deixa de fazer o dever de casa. Quando não está no palco, está na plateia: “Procuro ver teatro em qualquer lugar do mundo que eu vá”.
E pontua que nem sempre profissionais que se dedicam conseguem o mesmo destaque que rostos conhecidos da TV, que muitas vezes têm dedicação à carreira em proporção inversa à da fama. “Acredito que nós artistas temos que buscar sempre nos lapidar. Esse seria o ideal. Mas sabemos que hoje em dia temos as exceções. Na realidade do nosso cenário cultural hoje, onde o grande público vai ao teatro atrás de nomes — e as empresas que investem também”, lamenta. “Alguns atores com uma projeção grande na mídia fazem musical com apenas algumas aulas de canto e dança e está tudo certo, não é?”, questiona, repleta de razão.