Com homenagem a Lucrécia Martel, Mostra Cine BH leva 10 mil ao cinema
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Chega ao fim, nesta quinta (22), a 9ª Mostra CineBH, com público estimado de 10 mil espectadores.
O evento movimentou a capital mineira, apresentando o melhor do cinema brasileiro e internacional.
A cineasta argentina Lucrécia Martel foi a grande homenageada nesta edição, que durou oito dias com entrada gratuita. Foram exibidos 65 filmes, de nove países e oito estados brasileiros em 45 sessões de cinema em pré-estreias nacionais e internacionais.
“A Mostra CineBH encerra sua nona edição juntamente com o 6º Brasil CineMundi com a missão cumprida de tornar o audiovisual acessível a todos os públicos e conectar o cinema brasileiro independente e o mercado internacional, fazendo eco para os melhores frutos e ampliando as possibilidades de negócios para o cinema brasileiro no exterior”, declara a coordenadora geral e diretora da Universo Produção, Raquel Hallak.
O eixto temático foi Criação e Resistência: O Cinema contra a Barbárie. A proposição foi questionar a própria realização cinematográfica no que ela ainda tem de potencial a ser explorado. Na programação, priorizou-se a noção de civilização ante a barbárie, ou a relação estabelecida entre a criação artística e os mecanismos políticos do mundo.
A produtora paraibana Vermelho Profundo ganhou retrospectiva com seus filmes.
“Muitos dos filmes exibidos se localizam em espaços clássicos de civilização, como escola, teatro, museu e cinemateca. A atividade de muitos personagens é a fruição pura e simples, a criação artística e o magistério. Em outros casos, o modo de produção do filme é artesanal e anti-industrial, como um romance, uma peça ou um texto poético”, destacaram os curadores, Pedro Butcher e Francis Vogner dos Reis.
Parceria Argentina-Brasil
Presente no evento, Lucrécia Martel debateu a parceria internacional e apresentou o estudo de caso de Zama, seu quarto longa-metragem, em processo de finalização. O filme foi coproduzido por diversos países, entre eles o Brasil, via Bananeira Filmes, da produtora Vânia Catani.
“Não tomamos nenhuma decisão só para fazermos coproduções, e sim o contrário: nós escolhemos o que seria bom para o filme e íamos atrás dos parceiros”, contou a diretora.
Lucrecia acreditava que o Brasil poderia ser um espaço importante na narrativa central do filme e se associou à Bananeira para levantar recursos que viabilizassem essa intenção. Zama teve parte do financiamento via fundos bilaterais Brasil-Argentina, Fundo Setorial do Audiovisual e canal Telecine, além da presença de atores do país no elenco, como Matheus Nachtergaele e Mariana Nunes.