Atriz do Satyros, Julia Bobrow passa sufoco em Cuba
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Julia Bobrow, atriz do grupo Os Satyros, encerra sua temporada na ilha de Fidel e Raúl Castro passando por maus bocados. A atriz, que é ferrenha defensora dos animais, visita o país caribenho por conta das apresentações da peça Pessoas Perfeitas por lá. Só que, inesperadamente, precisou salvar um cão atropelado nas ruas da velha Havana. Ao tentar amparar o animal, foi mordida e precisou ir ao hospital tomar vacina contra a raiva. Contudo, o desapontamento da atriz foi com a indiferença, segundo conta, dos moradores locais com o animal ferido. Vegetariana, ela também revelou não ter gostado de ver cubanos comendo um porco inteiro, assado, sobre a mesa. Em sua página no Facebook, Julia deu depoimento contando detalhes de sua jornada em Cuba. Leia:
“Aqui em Cuba passei por coisas maravilhosas e coisas ruins. Mas as últimas horas foram muito, muito difíceis.
Ontem à noite tínhamos um jantar e ao chegar na casa do anfitrião, me deparo com um porco inteiro em cima da mesa. E todo mundo rindo e comendo em volta do porco.
Aquilo me abalou de uma forma que não aguentei nem ficar presente no jantar. Me segurei para não chorar lá. Então peguei um táxi e voltei pro hotel, chorando muito.
Hoje fui caminhar por Habana Vieja e de repente, escuto um grito, um choro ensurdecedor. Olho para trás e vejo um cachorro atropelado. Uivando de dor. O carro que atropelou não parou.
Cheio de gente nas ruas e NINGUÉM fez nada. Agiam como se aquilo não tivesse acontecendo.
Imediatamente eu sai correndo muito para socorrer o cão. Porque se dependesse de quem estava mais perto, teria passado mais 20 carros por cima dele.
Peguei o cachorro pra levar pra calçada e claro, com o susto e toda dor que ele estava sentindo, me mordeu.
Eu gritava pelo amor de Deus para que me indicasse um veterinário. Que eu pagaria quanto fosse para ajudar aquele cachorro. NADA. NENHUM VETERINÁRIO aqui. Eu chorava compulsivamente, foi juntando gente para me assistir chorar. Porque do cachorro ninguém queria saber. E nada! Me garantiram que não tinha pra onde eu levar o cachorro.
A preocupação das pessoas era APENAS que eu fosse imediatamente para o hospital tomar vacina para raiva.
Fiquei lá até ver o cachorro levantar. Ele sobreviveu ao atropelamento, mas deve estar sofrendo muito com a dor.
Depois que ele se levantou e saiu andando eu fui para o hospital. Tomei a primeira dose da vacina antirrábica.
Mas a raiva, a revolta, a frustração, a tristeza que estou sentindo, vacina nenhuma é capaz de tirar.
Nunca tinha visto tamanha indiferença diante da vida.
Minha vida não vale mais do que vida daquele cão. E eu só pensava que se eu morresse ali, pelo menos seria com dignidade, lutando pela vida de um ser indefeso.
Estou arrasada. Só quero chegar em casa e abraçar minha mãe e minhas 3 filhas.”
Veja o print do depoimento de Julia Bobrow sobre Cuba: