Por trás do pano – Rapidinhas teatrais
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Muito obrigado, axé!
E neste ano quem vai abrir o 25ª Festival de Teatro de Curitiba, no palco do Guairão, principal palco da cidade, no próximo dia 22 de março, é ninguém menos do que Maria Bethânia, em seu espetáculo “Bethânia e as Palavras”. Após sair vitoriosa da Sapucaí com a Mangueira, ela começa o ano em grande estilo também nos palcos. Poderosa, essa menina dos olhos de Oyá.
Carcará
Não custa nada lembrar que Bethânia estreou nacionalmente como atriz do musical “Opinião”, indicada por Nara Leão para substituí-la no espetáculo, em fevereiro de 1965. Cantava “Carcará”. Aquela do “Pega, mata e come”.
Sob nova direção
Guilherme Weber e Márcio Abreu, os novos curadores do Festival de Teatro de Curitiba, que chega à 25ª edição entre 22 de março e 3 de abril de 2016, deram fôlego novo ao evento, com a escolha de peças de reconhecida qualidade. Mesmo nas que têm celebridades, são os famosos que estão em função do teatro, e não o contrário. Os novos curadores fazem questão de agradecer o trabalho dos antecessores: Celso Curi, Tânia Brandão e Lúcia Camargo, bastiões dos palcos. Que bom.
Números, números
Leandro Knopfholz, diretor geral e idealizador do Festival de Teatro de Curitiba, compartilha com a coluna alguns números poderosos do evento já visto por mais de 3 milhões de pessoas com mais de 5.000 espetáculos apresentados: este ano o orçamento é de R$ 6 milhões, com expectativa de público de 220 mil espectadores em cerca de 350 peças e participação de 3.000 profissionais dos palcos. Além disso, vai gerar 800 postos de trabalho direto e mais 1.500 postos indiretos. Nas artes cênicas, é o maior do Brasil. Ou alguém aí tem números maiores para apresentar?
Fringe
Apesar de muita gente esnobe do teatro teimar em desprezar o Fringe, a gigantesca mostra paralela livre de qualquer tipo de curadoria em Curitiba, Knopfholz o defende com unhas e dentes. Ele não abre mão da democracia teatral que o Fringe representa. Faz bem.
Polêmica
Ah, afirmando não querer entrar em polêmica, Knopfholz lembra que o Festival de Teatro de Curitiba é viabilizado pela Lei Rouanet, tão criticada ultimamente. Também agradece um por um os patrocinadores em tempos de crise. “Somos um festival de pessoas”, declara. É isso mesmo.
Amor curitibano
A Fundação Cultural de Curitiba, ligada à Prefeitura da capital paranaense, continua velha aliada do Festival. “Quase metade dos espaços do evento são cedidos por nós”, avisa o presidente da Fundação, Marcos Cordiolli, à coluna. “O Festival de Teatro de Curitiba é um patrimônio da cidade, é marca valiosa e o curitibano coloca sempre o Festival em sua agenda. Chega esta época e toda a cidade se mobiliza em torno do teatro”, diz. Que coisa boa, né, gente?
Mamãe, mamãe, não chore
Matheus Nachtergaele vai mexer com seu coração em Curitiba, vai se apresentar no monólogo no qual recita textos de sua mãe, que morreu quando ele ainda era bebê, em 1968.
Entrega total
O nome do espetáculo é “Processo de Conscerto do Desejo”. “Eu canto e danço visceralmente”, diz Nachtergaele. E aproveita para elogiar os novos curadores, Márcio Abreu e Guilherme Weber: “São da mais alta qualidade”.
Fiat lux
Dan Stulbach, que levará “Morte Acidental de um Anarquista” a Curitiba, lembra que, “quando era moleque”, foi pela primeira vez ao Festival sem nenhum glamour. “Fui para operar luz”, revela à coluna.
Carreira
Sobre a carreira na TV, com o fim do “CQC”, Stulbach diz que não saber ainda se seu contrato com a Band, que vence neste mês, será renovado. Por enquanto, além do teatro, mergulha no cinema. “Vou filmar agora ‘O Vendedor de Sonhos’, filme do Jayme Monjardim”, revela. Que tudo corra bem. Amém.
Ousado
Cláudio Lins confidenciou à coluna que pensou que a crítica iria destruí-lo por ter transformado o clássico “O Beijo no Asfalto” de Nelson Rodrigues em musical. Mas, pelo jeito, pegou. Tanto que a peça vai para Curitiba. “É a primeira vez que vou”, diz, todo orgulhoso o filho de Lucinha e Ivan Lins. Parabéns.
Gente nova
A coluna descobriu que o elenco de “O Beijo no Asfalto” sofrerá mudanças em Curitiba. Uma das novidades é a entrada do ator curitibano Guilherme Stauffer, que se destacou no musical “O Grande Circo Místico”.
Consciência
Caroline Splendore, da peça “Why the Horse?”, na qual Maria Alice Vergueiro encena sua própria morte e velório, contou à coluna que, neste momento, “estar consciente é tudo”, referindo-se à colega amada. Vergueiro, que tem 81 anos, é portadora do mal de Parkinson e está em estado avançado da doença, infelizmente.
Morte ensaiada
Splendore revela ainda que as muitas apresentações por São Paulo “deram um fôlego a mais” para a grande atriz. Ela elogiou a coragem da colega veterana. “É muito legítimo encarar a morte sabendo que ela está próxima e pode ser ensaiada”. A peça ainda tem Robson Catalunha, que deixou momentaneamente o grupo Satyros para fazer o projeto e ainda atuar na nova peça de Bob Wilson. Danado.
Queridinho
Diretor da nova geração, Rafael Gomes já é queridinho da crítica e da classe artística. Aliás, foi ele quem fez o vídeo “Tapa na Pantera”, que alçou Maria Alice Vergueiro ao estrelato na internet. O rapaz leva pela segunda vez, e consecutiva, uma peça sua à Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba. Apresenta por lá neste ano “O Bonde Chamado Desejo”, que rendeu a Maria Luísa Mendonça o APCA de melhor atriz. “É muita felicidade saber que mais pessoas verão a peça”, confidencia.
Ele é carioca
Ah, Rafael Gomes se planeja para passar uma temporada no calor do Rio. Vai dirigir “Gota D’Água”, de Chico Buarque, com Laila Garin, dona de voz perfeita. “Foi um convite irrecusável. Mas, depois da peça volto para São Paulo”, avisa, para nossa alegria.
Eu canto e danço
Luciano Szafir está todo contente. Vai fazer seu primeiro musical, “Estúpido Cupido”, ao lado de Françoise Forton. Vai dividir o coração entre ela e jovem Carla Diaz. Estreia em 27 de fevereiro no Teatro Gazeta, no coração da av. Paulista.
Aos mestres, com carinho
Françoise Forton, que celebra 50 anos de carreira com “Estúpido Cupido”, conta à coluna que teve dois grandes mestres: Paulo Autran e Glauce Rocha. Não é para qualquer um.
Peça no busão
Até o dia 26 de fevereiro estão abertas as inscrições para grupos interessados em participar da II Mostra de Teatro no ônibus, organizada pela Trupe Sinhá Zózima, grupo teatral que, desde 2007, pesquisa o ônibus urbano como espaço cênico de descentralização e democratização do acesso às artes. O edital vai contemplar três grupos de teatro, amadores ou profissionais, do estado de São Paulo para apresentações de trabalhos inéditos ou de repertório, dentro do ônibus da Trupe. Saiba mais.
Paparicos
Ivam Cabral revelou que Phedra D. Córdoba está sendo muito mimada, para que possa se recuperar de saúde e voltar logo ao elenco de “Pessoas Sublimes”. Ela é assessorada o tempo todo pelo ator do Satyros Diego Ribeiro. Phedra passou mal esta semana e precisou se ausentar do espetáculo. O médico exigiu repouso absoluto. Por enquanto, Rodolfo García Vázquez, o diretor do Satyros, dividiu as participações de Phedra na peça como a Cantora sem Voz entre o elenco.
Chef
Thiago Mendonça está indo à casa da diva cubana na praça Roosevelt para cozinhar para Phedra. Toda a classe teatral deseja que Phedrita melhore o quanto antes. A coluna inclusive. Porque Phedra é uma estrela amada, meu bem.
Maluca beleza
Teuda Bara, a grande mineira atriz do Grupo Galpão, estreia a peça “Doida” na próxima sexta (26), no Sesc Santana, em São Paulo. João Santos assina a dramaturgia inspirada na obra de Carlos Drummond de Andrade. Quem a dirige é a colega de grupo Inês Peixoto. Na obra, Teuda contracena com seu filho caçula, Ademar Fernandes. Tudo em família.
Olha o passarinho!
A peça “Com Amor, Brigitte”, que estreia em 26 de fevereiro no Teatro do Masp, vai tocar no polêmico tema do limite entre o público e o privado quando trata-se de uma celebridade. “Seja na mão de um paparazzi ou nas fachadas de prédios, as lentes que invadem nossas imagens e capturam o que fazemos no cotidiano, são instrumentos que desenham esse quadro que chamamos de século 21. Diante dessa visão bem particular que queremos dividir com o público, vou instalar várias câmeras de segurança no cenário que, em momentos distintos, vão espionar os atores e outras vezes contracenar com eles”, adianta o diretor Fábio Ock.
Arlequins em Guarulhos
A Cia. Arlequins apresenta o espetáculo “Os Filhos da Dita”, que faz uma ponte entre o Brasil atual e a ditadura civil-militar que imperou entre 1964 e 1985, no Teatro Padre Bento (r. Francisco Foot, 3, Jardim Tranquilidade), em Guarulhos. A peça, com Camila Scudeler e Ana Maria Quintal, é neste sábado (20), às 20h. Após a encenação, haverá lançamento do livro “Arlequins Um Sopro de Tempo”, sobre a trajetória da trupe. A entrada é gratuita.
Bilheteria aberta
A MITsp, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, que realiza sua terceira edição entre 4 e 13 de março, abriu na última quinta (18) a venda de ingressos para seus dez espetáculos, oito internacionais e dois brasileiros.
Cadê meu filho?
“Mamá!” é o nome da peça da Zula Cia. de Teatro, de Belo Horizonte, com direção de Grace Passô e dramaturgia de Assis Benevenuto. Mostra as várias faces da maternidade. As apresentações acontecem na Funarte MG, em BH, entre 25 de fevereiro e 6 de março, dentro da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança belo-horizontina. Mineiros, compareçam!
Aniversário
A Cia. Fios de Sombra celebra os cinco anos da estreia da primeira peça do grupo, “Anjos de Papel”, que é apresentada neste sábado (20) e domingo (21), às 16h, no Itaú Cultural da av. Paulista. Vai, gente.
Cubano
O texto “Voltar para Havana”, de Oswaldo Dragún, ganha leitura sob direção de Paulo Faria, da Cia. Pessoal do Faroeste, no dia 24 de fevereiro, próxima quarta, às 20h, no Teatro Studio Heleny Guariba, na praça Roosevelt, em São Paulo. Estão todos convidados.
Felizardos
Tadeu Ibarra e Guilherme Machado Mendes foram os escolhidos pela SP Escola de Teatro para fazer intercâmbio na Suécia. Boa viagem e não se esqueçam de levar agasalho, rapazes!
Vernissage
Bob Sousa, nosso grande fotógrafo dos palcos, faz sua exposição “Retratos do Teatro”, com as icônicas imagens de ídolos dos tablados, no Espaço Cult (r. Aspicuelta, 99), na Vila Madalena, em São Paulo, entre 2 de março e 2 de maio de 2016. “Vai ser mais um grande espetáculo”, diz. A coluna não duvida e vai, é claro.