Por MIGUEL ARCANJO PRADO
O ano de 2016 é de vital importância para a APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), atualmente sob presidência de José Henrique Fabre Rolim, crítico de Artes Visuais. Afinal, é o ano que marca os 60 anos de trajetória da instituição, tempo em que o Brasil passou por cerca de 20 presidentes. O aniversário será celebrado com toda a pompa necessária na festa de entrega do Prêmio APCA referente ao ano de 2015.
A cerimônia será realizada na próxima terça (15), no Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros, em São Paulo, com direção geral de Ivam Cabral. Além dos premiados, contará com nomes expressivos das artes apresentando cada categoria e entregando os troféus. Os mestres de cerimônia serão os críticos Edianez Parente e Miguel Arcanjo Prado, autor deste site e vice-presidente da APCA.
Atualmente, a entidade tem 107 críticos analisando 12 áreas: Arquitetura, Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, Música Popular, Música Erudita, Rádio, Teatro, Teatro. Isso faz da APCA a mais importante e tradicional instituição em crítica de arte do Brasil.
Nesta Entrevista de Quinta, Fabre Rolim fala sobre o prêmio, sua cerimônia, comenta a ausência das categorias Dança e Música Erudita na votação de 2015 e ainda defende: “O maior legado da APCA para a cultura brasileira é a sua vital importância na defesa da liberdade de expressão”.
Leia com toda a calma do mundo.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Como a APCA vai celebrar seus 60 anos na cerimônia da próxima terça?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — A APCA vai celebrar seus 60 anos com grande estilo na tradicional entrega de prêmios, que se realizará na terça-feira, próximo dia 15 de março, reunindo uma formidável lista de personalidades, dos premiados aos apresentadores, num clima de congraçamento de todas as artes compondo um painel da cultura nas suas variadas linguagens. A TV Cultura por sinal vai lançar por ocasião da festa um documentário sobre a APCA com depoimentos de grandes expressões artísticas e, paralelamente, realiza no hall do Teatro Paulo Autran uma mostra muito instigante reunindo imagens dos diversos troféus e gravuras que foram ofertados aos premiados no decorrer de seis décadas.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Por que a APCA tem este respeito tão grande da socieade e da classe artística?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — A APCA é muito respeitada pela classe artística por sua posição independente, não estando vinculada a nenhuma empresa ou outra qualquer forma de ingerência, sendo considerada a premiação mais importante no panorama cultural. Uma entidade que abrange 12 áreas demonstra vitalidade e dinamismo refletindo o alto empenho dos seus associados, a grande maioria jornalistas que atuam nos mais diversos meios de comunicação.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Qual é o maior patrimônio da APCA?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — O maior patrimônio da APCA é o seu lado visionário, indicando tendências e estimulando novos desafios, revela talentos e valoriza as grandes expressões.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Como você vê a condução da cerimônia pelo diretor Ivam Cabral?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — A direção de Ivam Cabral na premiação é um grande privilégio para a nossa instituição, o seu olhar arrojado e inovador proporciona uma cerimônia dinâmica no ritmo certo, as atrações se conectam na magia da arte, um entrosamento perfeito de todas as áreas, um espetáculo marcante que realça os valores essenciais do ser humano.
MIGUEL ARCANJO PRADO — O que não pode faltar em um crítico de arte?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — O crítico de arte deve ter uma cultura aprimorada envolvendo a diversidade cultural na sua amplidão, ter grande sensibilidade e buscar sempre a atualização e a reflexão, acompanhar os eventos culturais importantes e valorizar a criatividade. A análise profunda das obras é essencial nos confrontos estéticos e conceituais.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Qual a coisa mais difícil em ser um crítico?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — A atividade do crítico não é fácil, deverá unir o seu cabedal de conhecimento e experiências com sensibilidade e talento, ter uma visão geral das transformações e das revoluções gerais e intimistas que definem novos rumos.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Você já perdeu amigos por fazer alguma crítica? Conte como foi.
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — Interessante essa pergunta da perda de uma amizade por uma crítica, na realidade sempre que analiso a obra de arte de um amigo procuro ser sincero, me concentro no resultado final, caso a proposta não se coaduna com a verdadeira expressão artística, coloco claramente a minha visão no sentido de colaborar com o amigo, uma crítica construtiva. Há casos porém em que o nível artístico é calamitoso, neste caso a amizade vai para o espaço junto com o inexpressivo trabalho.
MIGUEL ARCANJO PRADO — É verdade que a APCA terá um novo troféu? O que pode adiantar para a gente?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — A APCA tem um novo troféu concebido pela artista Fernanda Frangetto, que acabou criando uma peça de bronze dourada linda, homenageando a Moda, área introduzida ano passado. A forma escultórica reflete a sua linguagem envolta na pesquisa plástica estruturada em confrontos estéticos constantes, superando barreiras e impondo perspectivas inusitadas. Atualmente, a artista está criando para uma outra instituição um troféu para o Prêmio Hebe Camargo, direcionado a personalidades femininas que se destacaram em suas atividades.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Neste último ano não houve votação em Dança nem em Música Erudita. Por que isso aconteceu?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — Neste ano infelizmente não tivemos votação de Dança, as quatro críticas da área não chegaram a uma conclusão, não houve consenso e resolveram não premiar, a Diretoria respeita a decisão do setor, mas não concorda com a posição do júri, o bom senso deveria prevalecer, afinal notáveis espetáculos de Dança ocorreram durante o ano. Na APCA cada área tem autonomia em premiar ou não, conforme dispõe o nosso estatuto. No que se refere ao setor de Música Erudita, faltou quórum para que a premiação fosse efetivada, pelos estatutos cada área deve ter no mínimo três críticos presentes.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Você pretende que na votação do fim deste ano todas as categorias estejam representadas?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — No presente ano, estou tomando providências para que todas as áreas sejam premiadas, novos críticos de Música Erudita já foram conectados para participarem da votação do final do ano.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Atualmente, a APCA tem quantos críticos em quantas áreas?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — Atualmente a APCA tem 107 críticos em 12 áreas.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Qual é o maior legado da APCA para a cultura brasileira?
JOSÉ HENRIQUE FABRE ROLIM — O maior legado da APCA para a cultura brasileira é a sua vital importância na defesa da liberdade de expressão, além de ser reconhecida como a entidade que promove a premiação mais representativa e antiga do Brasil. Desde os anos 50, a APCA vem premiando e mapeando os valores essenciais da arte, promovendo e incentivando o fluxo renovador da criatividade.