Por trás do pano – Rapidinhas teatrais
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Negro na MITsp
A discussão sobre a presença do negro na MITsp está fortíssima. Tanto que é mais falada que o próprio evento. Sobretudo entre a própria comunidade artística. E dois grandes expoentes da comunidade negra nas artes fizeram artigos neste site com opiniões divergentes. Jé Oliveira, do Coletivo Negro, escreveu primeiro. Depois, Eugênio Lima, que dirigiu a performance-política Em Legítima Defesa, respondeu. Vale a pena ler os dois textos com toda a calma do mundo. E refletir.
Viva a democracia
Opiniões divergentes à parte, a coluna acredita que a performance-protesto, com atores negros ocupando de forma surpreendente as plateias do Centro Cultural São Paulo e do Theatro Municipal, acabou por suscitar o debate da presença do negro no teatro brasileiro. Estamos todos fartos de saber que o negro ainda é tratado com preconceito por curadores, diretores e programadores do teatro, isso para não falar da televisão e do cinema. Quanto mais se falar sobre o tema e conscientizar a sociedade, melhor. Que a gente possa dialogar mais.
Subalternidade
Salloma Salomão, escritor e ativista do movimento negro, sobre tudo isso, escreveu: “Sobre a Mit.Sp. Tem saltado à cena exclusivos tradutores de negritude para plateia da elite de consumidores brancos. Em nome da conveniência e convivência, discursivamente modulam de apologias da mestiçagem taticamente freyreana, para a romantização da luta negra nos EUA. Não sem a complexidade estética eurocentrada, alimentam a subalternidade coletiva em nome das migalhas pessoais que sobram da mesa das elites culturais brancas.”
Registro
A coluna conseguiu a foto acima da plateia do Centro Cultural São Paulo no momento em que, ao final da ação na sexta (4), os atores negros levantaram os braços esquerdos com o punho cerrado, em demonstração de poder do povo negro. A imagem pega a reação da plateia. A maioria dos negros levantou a mão também (a coluna, inclusive), em apoio à causa dos artistas negros. Entretanto, muitos não o fizeram, optando por apenas observar em silêncio o que acontecia. Leia a reportagem no UOL.
Emoção
Muita gente chorou diante da performance dos artistas negros. Realmente, foi de arrepiar. A coluna confessa que ficou emocionada também. Pegou forte.
Cadê os negros?
O repeteco de Em Legítima Defesa no Theatro Municipal na segunda (7) ocorreu por decisão de Eugênio Lima, diretor da ação, em conjunto com a direção da MITsp, feita por Guilherme Marques e Antônio Araújo. Eles consideraram que seria um marco fazer a performance em um palco tão associado à elite branca paulistana. No Municipal, participaram quase 60 artistas negros, contra os cerca de 20 no Centro Cultural São Paulo. E se no Centro Cultural São Paulo havia 16 negros na plateia de 321 lugares, no Theatro Municipal a proporção foi mais vergonhosa para nossa sociedade excludente: eram só 14 em cerca de mil pessoas presentes nas poltronas de veludo vermelho.
Farinha com açúcar
Jé Oliveira e o Coletivo Negro estreiam no próximo dia 15, terça-feira, no Sesc Pompeia, a peça Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens, que fala sobre a violência que os negros sofrem. Fica em cartaz até 6 de abril, sempre terça e quarta, 21h. Programe-se.
Pesquisa farta
Em um ano, o Coletivo Negro entrevistou 12 homens negros de diversas idades e ocupações, com a intenção de verificar alguma unidade nas trajetórias e buscar inspiração para a construção de uma narrativa sobre suas experiências. É obrigatório ver.
Conclusão
Mudando de assunto, depois que o veterano novelista Benedito Ruy Barbosa declarou: “odeio história de bicha”, o diretor Paulo Faria, do Pessoal do Faroeste, formulou a seguinte frase: “Mais motivos pra desligar a Globo e ir ao teatro”.
Novato
O ator Bruno Lourenço vai entrar para o elenco da peça Luz Negra, do Pessoal do Faroeste, em cartaz às segundas e terças no espaço do grupo, na Luz.
Problema educacional
A Cia. Elevador, dirigida por Marcelo Lazaratto, marcou para esta sexta (11), a estreia de sua nova peça: Sala de Professores. Com ela, celebra seus 15 anos de trajetória. Parabéns.
Bolada
Antunes Filho vai ganhar R$ 100 mil de Prêmio Governado do Estado como Destaque Cultural de 2015.
E o Zé?
Bem que podiam ter dado uma quantia também para Zé Celso, que está precisando pagar suas dívidas…
Chico canta
Falando em Zé Celso, o músico Chico César vai tocar no Teat(r)o Oficina toda quarta-feira de março, às 21h, para arrecadar fundos para o grupo. Estão todos convidados. Veja ele cantando com Cellia Nascimento, que beleza:
Todo mundo junto
Ah, Cellia Nascimento cantou na peça 100% São Paulo, no Theatro Municipal, dentro da MITsp. Ela mandou muito bem em Trem das Onze, música na qual foi acompanhada pela plateia, eufórica.
Dose dupla
A próxima quinta, dia 17 de março, terá duas estreias nos palcos paulistanos. A primeira é Vermelho Labirinto, o novo texto e direção de Pedro Granato, no Sesc Pinheiros. A segunda é Sobre Ratos e Homens, texto do ganhador do Prêmio Nobel John Steinbeck, com direção de Kiko Marques no Sesc Bom Retiro. No elenco, estão Ando Camargo, Ricardo Monastero e Nathallia Rodrigues. Marcou na agenda?
Miggiorin, o diretor
O ator Leonardo Miggiorin estreia como diretor no Fringe do Festival de Teatro de Curitiba, com o espetáculo“O Encontro das Águas. O texto é do dramaturgo e jornalista Sérgio Roveri e traz Patrícia Vilela e João Fenerich no elenco. Fala sobre o acaso e seu incontestável poder de provocar mudanças na vida das pessoas. Eita.
Ponte
A história se passa em uma ponte, onde Marcelo e Apolônio entram em discussão sobre aspectos da vida e da morte. Este encontro inesperado pode mudar definitivamente o rumo das duas personagens. O personagem Apolônio, vivido pela atriz Patrícia Vilela é representado por um andarilho provocador e sátiro. Facetas que o revelam tão humano e frágil, assim como o personagem Marcelo, que se encontra desorientado e desesperado, interpretado pelo ator João Fenerich.
Baile Curitibano
Há um recorde de espetáculos de dança na Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba, que chega à 25ª edição entre 22 de março e 3 de abril. São 8 espetáculos, dentre os 35 da Mostra 2016, que envolvem dança ou tem alguma ênfase na expressão do corpo em movimento: Mordedores, La Cena, O Confete da Índia, La Bête (o Bicho), The Hot One Hundred Choreographers, Grão da Imagem – Vaga Carne, Fole e Mó – Dramaturgias em Dança e Desenhos de Comunidade. Que gostoso.
The Noite no Risorama
Entre os comediantes que desembarcam em Curitiba para o 13º Risorama, a mostra de stand-up do Festival, está o elenco completo do programa The Noite, do SBT: Danilo Gentili, Léo Lins, Murilo Couto, Juliana Oliveira e Diguinho Coruja se apresentam juntinhos na segunda-feira, dia 28 de março. Pra quem gosta, riso não faltará.
Solitário
O ator Marcos Damigo pede para a coluna avisar todo mundo que seu solo As Sombras de Dom Casmurro estreia na próxima quarta, dia 16, no Sesc Ipiranga. A direção é de Débora Dubois. Vai, gente.
Caixinha pra Phedra
Phedra D. Córdoba, a diva cubana, segue internada no Hospital Heliópolis, onde é visitada diariamente por seus amigos do teatro. O amor é tanto que no bar do Espaço dos Parlapatões há uma caixinha para que os amantes dos palcos possam doar qualquer quantia para a atriz custear seu tratamento. Ela agradece a todos e manda muitos beijos.
Coisas de Rogéria
Rogéria, amiga de Phedra há mais de meio século, teve o carinho de gravar um vídeo especialmente para a amiga. Disse que quer vê-la rapidamente arrasando nos palcos. Oxalá.
Meus escritores
Cléo De Páris, a atriz, gosta de Guimarães Rosa. E de Clarice Lispector.
Bloch produções
Muita gente não sabe, mas Débora Bloch é produtora teatral desde os anos 1980. A atriz retoma a atividade com Os Realistas. Após sucesso no Rio, a peça chega a São Paulo no dia 1º de abril (é verdade, gente), no Teatro Porto Seguro. Guilherme Weber dirige a montagem que, além de Bloch, tem também Emílio de Mello, Fernando Eiras e Mariana Lima. Esta é a primeira montagem do texto de estreia do dramaturgo Will Eno na Broadway em nossa América Latina. Os ingressos já estão à venda.
Coisas de casais
Os Realistas tem dois casais de vizinhos que se encontram e descobrem ter mais em comum do que as casas idênticas e sobrenomes iguais. É claro que este quarteto vai pegar fogo!
Ordinários
Como o nome diz, Guilherme Weber abraça o realismo na peça. “É um gênero em que os heróis dão lugar a pessoas comuns. Nesta história, Eno desloca seus personagens para uma pequena cidade interiorana e campestre, em um movimento de alguma maneira também reverente ao teatro de Tchekhov. Este confronto com a natureza, o vasto e o desconhecido faz com que estes personagens se cruzem em uma comédia existencialista sobre vida, morte, amor e vizinhos”, adianta.
Me dá uma entrada?
Tem gente se descabelando para conseguir um ingresso para ir ao Prêmio APCA, na próxima terça, 15, no Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros. É um Deus nos acuda!
Mistura fina
Ivam Cabral, o diretor da cerimônia pelo segundo ano consecutivo, misturou celebridades com nomes do teatro e das artes na apresentação das categoria. Grazi Massafera e Mônica Iozzi estão confirmadas. Este vosso colunista será mestre de cerimônias ao lado da crítica Edianez Parente. É uma chiqueza que só.
Fotógrafo dos palcos
Bob Sousa vai entregar um dos prêmios na noite de gala da APCA. Ele revelou à coluna que vai comprar uma gravata nova para a ocasião. Faz bem. Kyra Piscitelli, crítica teatral, também subirá ao palco.
Liberdade
Dan Stulbach está livre, leve e solto. Rescindiu seu contrato com a Band e agora quer se dedicar ao teatro, ao cinema e aos projetos de TV. Ele vai fazer uma websérie e vai viajar o Brasil todo com a comédia Morte Acidental de um Anarquista, em cartaz no Masp. Leia a reportagem no UOL.
Tango
Produtoras de Morte Acidental de Um Anarquista, Célia Forte e Selma Morente passaram os últimos dias em Buenos Aires. Vem coisa portenha para os nosso palcos, com certeza.
L’amour
Bruna Thedy só pensa em Brigitte Bardot, a diva francesa que vive na peça Com Amor, Brigitte, em cartaz no Teatro do Masp. Ela contou tudo sobre a obra para este vosso colunista. Leia a reportagem especial para o UOL.
Quero ir na entrega do Prêmio APCA . Sempre estou nos Teatros em SP, com o GRUPO VAMOS AO TEATRO prestigiando os atores, diretores, produtores e…..há 28 anos de estrada. Acho que mereço estar nessa festa .Morente e Forte me conhece .