“No Brasil era visto como estereótipo”, diz Alex Mello, radicado na Alemanha, durante Festival de Curitiba
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial a Curitiba*
Fotos LINA SUMIZONO/Clix
Alex Mello faz uma confluência de várias nacionalidades na peça Jean, que apresentou com sucesso neste 25º Festival de Teatro de Curitiba, dentro da programação do Fringe. “É um artista norte-americano, feito por um brasileiro e que fala alemão, mas aqui em Curitiba falei a peça em português”, revela.
Fluminense radicado em Bonn, na Alemanha, ele conta na obra a história do artista visual Jean-Michel Basquiat, norte americano negro que começou no grafite, mas logo conquistou seu lugar no pódio das artes como pintor neo-expressionista.
Na obra, apresenta aspectos biográficos do artista, como o racismo sofrido, a infância e adolescência de pobreza nas ruas e o contato com as drogas, que mataram o artista em uma overdose em 1988, quando ele tinha apenas 27 anos.
A peça toca no aspecto do racismo presente no mundo das artes, já que Besquiat é pioneiro entre artistas plásticos negros a ganhar reconhecimento do mercado.
Mello diz que optou por viver na Alemanha porque no Brasil não via muita perspectiva para sua carreira, sobretudo pelo fato de ser negro. “Não queria ficar em lugares de estereótipos. No Brasil era visto como um estereótipo. Então, preferi ser um ator negro e imigrante na Alemanha, onde sou mais respeitado”.
Sobre ser visto como exótico em terras europeias, Mello diz que “o grande barato é passar a perna nisso”, encontrando liberdade para falar do que quiser no palco.
Apesar de estar há uma década em terras alemãs, ele não se esquece de quem o forjou no mundo das artes. “Foi o Joasinho Trinta, com seu Carnaval. Ele raspou minha cabeça no teatro”, define.
*O jornalista MIGUEL ARCANJO PRADO viajou a convite do Festival de Curitiba.
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