“Já estou velho para ser galã”, diz Thiago Lacerda no Festival de Curitiba
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial a Curitiba*
Fotos ANNELIZE TOZETTO/Clix
No elenco de duas peças de William Shakespeare no 25º Festival de Teatro de Curitiba, o ator Thiago Lacerda parece satisfeito com o rumo que sua carreira tomou em direção aos palcos.
De cabeça raspada, com uma camiseta estampada com a artista mexicana Frida Kahlo, calça jeans e chinelos nos pés, o ator de 1,93 metro parece à vontade no encontro com a reportagem, no Solar do Rosário, no centro histórico curitibano.
Não reclama de ter acordado cedo para conversar com a imprensa. “Eu gosto de falar sobre teatro”, diz, com um sorriso largo que apertam seus seus olhos azuis.
Ele apresentou no último fim de semana, no gigante Teatro Positivo, com 2.400 lugares, as peças “Macbeth” e “Medida por Medida”, dentro do projeto “Repertório Shakespeare”, dirigido por Ron Daniels, nos quais contracena com Giulia Gam e Marco Antônio Pâmio, entre outros. As obras, após sucesso em São Paulo, seguem em turnê pelo País.
“A ideia de repertório faz a gente se sentir como uma companhia. É um grupo muito unido desde ‘Hamlet’ e que tem muito prazer em fazer teatro. É um tesão”, diz o ator. Ele conta que levou a trupe para um sítio, para que ganhassem intimidade. “Ter essa coisa do olho no olho, para que antes de entrarmos nos personagens, nos conhecêssemos”.
A ida para o teatro foi uma decisão que o ator tomou por volta dos 30 anos, quando sentiu que precisava dar uma guinada e evoluir como artista. Ser mais que o rosto bonito da TV.
“Na televisão o processo é outro, é outra pegada. Fazer só TV pode ser muito opressivo. Ela te invade. No teatro, o processo é diferente, e foi nele que descobri o ator que eu sou”, contaLacerda que nos últimos tempos foi dirigido no palco por nomes como Ulysses Cruz e Gabriel Villela, com quem fez “Calígula”, peça que, segundo ele, mudou sua vida. “Foi ali que me redescobri”.
“Sou um artista inquieto e insatisfeito. Não me conformo com nada. Sempre senti necessidade de buscar novas coisas”, afirma Lacerda.
Ele lembra que a carreira de ator surgiu de repente em sua vida. “Fiz economia, era pra ser gerente de banco, mas a vida me apresentou isso. E quando eu me vi atuando, pensei, meu Deus!”.
Após virar o queridinho da televisão, foi o diretor Gabriel Villela quem ajudouLacerda no reposicionamento da carreira, quando ele acumulava dez anos de sucesso na TV. “Tinha 30 anos e queria mudar. Com ele, descobri o ator que eu era, fazendo ‘Calígula’.
Agora, aos 38 anos, Lacerda prefere passar adiante o título de galã, que o catapultou ao sucesso popular em produções da Globo como “Hilda Furacão”, “Terra Nostra” e “A Casa das Sete Mulheres”.
“Não queria ficar olhando a banda passar. Já passei dessa fase de galã, estou ficando velho. Essa coisa da fã com ursinho de pelúcia já virou outra coisa. As pessoas já entenderam o porquê de eu estar aqui, fazendo teatro. Claro que tem também aquele público que conquistei na TV, mas acho ótimo eles virem até o teatro, para ver Shakespeare, lotando um teatro de mais de 2.000 lugares. Isso é muito lindo”, conclui.
*O jornalista MIGUEL ARCANJO PRADO viajou a convite do Festival de Curitiba.
Leia a cobertura completa do Festival de Teatro de Curitiba
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