Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial a Curitiba*
Fotos HUMBERTO ARAUJO e
ANNELIZE TOZETTO/Clix
As travestis também foram vítimas da ditadura civil-militar que vigorou no Brasil entre 1964-1985. Por mais que tenham sito enxotadas da história oficial, elas foram perseguidas e torturadas.
O ator carioca Felipe Caruzo resolveu dar voz a estas personagens no palco do 25º Festival de Teatro de Curitiba, no monólogo Rota dos Ventos, escrito por Renato Fernandez e dirigido por Anderson Oliveira.
“Faço a história de uma travesti de 67 anos, a Luana. É uma peça baseada em fatos reais, já que a Luana é uma das travestis da Lapa, bairro boêmio do Rio”, diz Caruzo, que estreou a peça no evento. “A personagem está em seu quarto quando acorda com a notícia da Comissão da Verdade. Aí ela começa a lembrar o que passou”, conta.
Para construir a dramaturgia, Fernandez pesquisou ainda histórias de outras travestis do Rio e de São Paulo. “Durante a ditadura houve um movimento de ‘limpeza’ das ruas, uma eugenia, durante a ditadura. A representação das travestis no palco é importante. O teatro deve representar todos os aspectos sociais. Todos devem se sentir pertencidos à sociedade”, diz Fernandez.
Para Caruzo, este é “um assunto que precisa ser muito bem debatido”, sobretudo por haver no Brasil atual “políticos como o Bolsonaro”. “Vejo as coisas que ele fala e me dói muito”, afirma.
O ator mesmo chegou a ser vítima de violência quando participou do Festival de Curitiba em 2015. “Fui espancado por sete homens na praça Santos Andrade de forma gratuita”.
*O jornalista MIGUEL ARCANJO PRADO viajou a convite do Festival de Curitiba.
Leia a cobertura completa do Festival de Teatro de Curitiba