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Musa da praça Roosevelt faz bela recatada com irmã devassa em “Justine”

Cléo De Páris faz bela, recatada e sofredora em "Justine" - Foto: André Stefano/Divulgação

Cléo De Páris faz bela, recatada e sofredora em “Justine” – Foto: André Stefano/Divulgação

Por Miguel Arcanjo Prado

Cléo De Páris, a musa do grupo Satyros, está de volta às peças da companhia instalada na praça Roosevelt, centro paulistano, em “Juliette”, que estreia nesta sexta (22). A obra marca seu retorno após três anos afastada da trupe — sua última peça com o grupo foi “Édipo na Praça”, em 2013.

“Estou voltando e tem um elenco novo, 25 pessoas ao todo, muita gente que não conhecia, mas que me tratou com muito respeito, porque sabe da minha trajetória com o Satyros”, diz Cléo ao UOL, em uma mesa na calçada do bar do grupo que impulsionou o processo de revitalização da praça Roosevelt, hoje efervescente point cultural paulistano.

Na peça, Cléo é Justine, bela, recatada e virtuosa moça, enquanto sua irmã, Juliette, mergulha no mundo do vício e da depravação, só pensando em enriquecer. A montagem dirigida por Rodolfo García Vázquez faz parte da Teatralogia Libertina, que o Satyros criou a partir da obra do escritor francês Marquês de Sade (1740-1814).

Para Cléo, a peça está mais atual do que nunca. “É o momento mais perfeito para se montar essa obra. O país está nas mãos de pessoas que só pensam em seus interesses. E existem por aí tantas milhões de Justines que tentam fazer tudo certo e sempre estão mal de vida”, afirma.

Cléo De Páris protagoniza “Justine”, do Satyros, entre Daiane Brito e Diego Ribeiro – Foto: André Stefano/Divulgação

“Manipular o mais fraco”

“Parece que o mundo não está aí para agraciar quem é correto. A peça critica muito a Justiça e a religião, que serve para manipular o mais fraco. Ela traça um panorama de como a corrupção se constrói. Acho que muita gente vai ver a peça e se ver na Justine. Ela é esse brasileiro que está resistindo, não se deixando corromper, mas sem saber se um dia vai conseguir o êxito”, fala Cléo sobre a obra.

A atriz conta que o jovem elenco “tem impulso e criatividade” que lhe contagia. “Meus afastamentos do teatro, minhas crises, são constantes. Sempre acho que vou desistir. E quando paro, penso: será que vou conseguir voltar? E voltar com esses meninos, com esse gás que eles têm, tem sido muito especial, uma maravilha”, pondera.

O processo de ensaios da peça foi difícil, por conta da doença e da morte da amiga de grupo Phedra D. Córdoba, a diva cubana do Satyros, que morreu no último dia 9, aos 77 anos. “Foi desesperador tudo isso, muito sofrido para todos nós. Foi tudo muito rápido, entre ela descobrir a doença e partir. Mas a presença da Phedra está impregnada na praça Roosevelt, sua voz, sua peruca, seu perfume. Ela vai ficar aqui para sempre. Ela está aqui, presente, acompanhando a gente naquele palco”, afirma.

“Justine”
Quando: Quinta e sexta, 21h; sábado, 23h59. 90 min. Em cartaz por tempo indeterminado
Onde: Estação Satyros – Praça Franklin Roosevelt, 134, Consolação, metrô República, São Paulo – tel. 11 3258-6345
Quanto: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia-entrada) e R$ 10 (moradores da Roosevelt)
Classificação etária: 18 anos

Irmãs: Lorena Garrido é Juliette e Cléo De Páris é Justine – Foto: André Stefano/Divulgação

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