Crítica: Tiago Abravanel mostra versatilidade em “Meu Amigo, Charlie Brown”
Por Miguel Arcanjo Prado
Depois de ganhar fama nos palcos pelo papel de Tim Maia em “Tim Maia, Vale Tudo – O Musical” e virar estrela da TV, o ator Tiago Abravanel mostra coragem e humildade ao voltar aos palcos em um papel completamente diferente daquele que o projetou: Snoopy, no musical infantil “Meu Amigo, Charlie Brown”.
Defendo um dos cachorros mais cultuados do mundo dos quadrinhos, o ator conquista a plateia com bom humor e versatilidade.
Num mundo de diversões infantis cada vez mais velozes e descartáveis, o musical da Broadway apresenta os personagens de um dos cartunistas mais sensíveis que o mundo conheceu: o norte-americano Charles M. Schulz, que criou os “Peanuts”, aqui chamados de “Turma do Minduim”, em 1950.
O espetáculo, como na série de tirinhas, vai apresentando os personagens em diversas situações, permitindo que o público conheça suas personalidades que dizem muito sobre o próprio homem adulto — aí mora uma das qualidades dos quadrinhos de Schulz, tal qual ocorre também com os personagens de “Mafalda”, do argentino Quino.
A peça, já encenada seis anos atrás, tem elenco sintonizado pelo diretor Alonso Barros. Mariana Elisabetsky, como Sally, impressiona pela composição minuciosa de sua personagem, incluindo o detalhe imprescindível da voz. Também é dela, que chegou a conhecer Charles Schulz nos EUA, a versão brasileira da peça.
Leandro Luna, que também encabeça a produção, faz seu Charlie Brown tímido e inseguro, tal qual o personagem da memória dos mais velhos. Já Paula Capovilla impõe energia à sua Lucy, personagem decidida da história. Como o menino pianista Schroeder, Guilherme Magon também demonstra segurança em sua composição sutil e cativante. Já Mateus Ribeiro é uma explosão jovem, às vezes incontida, em seu Lino. E Tiago Abravanel é pura graça como um fofíssimo Snoopy. Reunido, o sexteto domina o palco com canto, atuação e coreografias trabalhadas.
O grande mérito de “Meu Amigo, Charlie Brown” é oferecer às crianças um humor inteligente e de qualidade, diante de todo frenesi exageradamente comercial do entretenimento infantil atual. Afinal, no turbilhão de cores pode existir também pensamento inteligente, filosofia e até Beethoven.
“Meu Amigo, Charlie Brown” * * * *
Avaliação: Muito bom
Quando: Domingo, 16h (última sessão). 90 min. Até 24/4/2016
Onde: Teatro Shopping Frei Caneca – Rua Frei Caneca, 569, 7º andar, Cerqueira César, São Paulo, tel. 11 3472-2229
Quanto: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)
Classificação etária: livre