Cineasta estreante larga advocacia e ganha prêmio de melhor filme
Por Miguel Arcanjo Prado
Uma advogada que resolveu largar o mundo do direito para se enveredar numa antiga paixão: o cinema. Esta é a diretora paulistana Bia Vilela, que levou o prêmio de melhor filme brasileiro em sua estreia nas telonas com o curta “Olhos Sujos de Azul” no 3º Festival de Finos Filmes, que chegou ao fim nesta terça (10), em São Paulo.
Repleto de sensibilidade, o curta, que tem projeto de virar longa, conta a história de uma imigrante brasileira em Berlim, Alice, que precisa lidar com uma situação ética complicada. Com direção de fotografia de Andradina Azevedo, o filme foi rodado na Alemanha.
“Ainda não caiu a ficha, foi tudo muito rápido. Há um ano embarcava para a Alemanha para estudar cinema na Met Film School com a ideia deste curta na cabeça. Hoje, estou com este prêmio nas mãos, é muito gratificante”, diz Bia ao UOL, ainda impactada com o prêmio logo em sua estreia nas telonas.
Durante o papo, ela ressalta que fez um “caminho não convencional”, já que resolveu “se libertar” da profissão de advogada e assumir o cinema em sua vida. “É muito difícil tomar essa decisão, ainda mais tendo feito uma faculdade como a USP. Este prêmio vem para dizer: ‘você fez a coisa certa'”, afirma.
Bia aproveita para elogiar a protagonista de seu filme, Mariah Diniz, que contracena com Stephen M. Gilbert. “A encontrei em uma comunidade de brasileiros em Berlim no Facebook. Ela vinha do teatro e nunca tinha feito um filme, mas se entendeu rápido com a câmera, demonstrando uma atuação totalmente naturalista e profunda”. E elogia também seu ator europeu: “O Stephen encontrei num agência. Ele ficou fascinado com o roteiro e adorei o resultado dele também”, conta ao Blog do Arcanjo.
A jovem cineasta espera rodar seu segundo curta ainda em 2016. E seguir com “Olhos Sujos de Azul” como um longa. “A trama do curta foi tirada do roteiro do longa. O prêmio me dá energia e inspiração para tirá-lo do papel”, promete. E novas ideias sobram em sua gaveta. “Quando pensei o primeiro curta, tive de encontrar um tema que se adequasse à realidade de Berlim. Mas, na busca por esse roteiro, acabava tendo ideias que só fariam sentido no Brasil. Ou seja, isso foi frutífero, pois tenho muitos argumentos que agora posso realizar aqui no Brasil”, comemora.
Outros premiados
O júri do 3º Festival de Finos Filmes, formado pelos cineastas João Paulo Miranda, Hamy Ramezan e Rungano Nyoni, ainda deu o prêmio de melhor filme para o filipino “Feliz Ano Novo”, dirigido por Joseph Laban, com o cotidiano de um hospital em Manila às vésperas do Réveillon. Já o prêmio de melhor roteiro foi para “À Distância”, do alemão Florian Grolig.
O brasileiro Ismael Moura, com o curta “Ilha”, levou o prêmio de melhor diretor. Já o prêmio especial de reconhecimento artístico foi para “Edifício Tatuapé Mahal”, das brasileiras Carolina Markowicz e Fernanda Salloum. Com curadoria de Felipe Poroger, a terceira edição do Finos Filmes recebeu 700 inscritos, dos quais 16 foram selecionados para a mostra competitiva.