Por RICARDO MONASTERO
Ator da peça Sobre Ratos e Homens
A pergunta do título tem vindo à tona cada vez mais, cada vez que percebemos que se trata de uma questão plural, que essa história é nossa e possível somente juntos. Contudo, o desejo de “ser único” se aproximou de “ser só” subestimando a potência que há no outro.
“- Cada um tem que cuidar da sua própria vida”. É a frase que ouço em cena e ressoa longamente em mim a cada apresentação da peça Sobre Ratos e Homens. Uma história de compaixão que exalta o anseio compartilhado, a amizade como propulsora de realização.
Dois amigos, com planos de construírem uma vida em que não sejam mais submetidos a cruel realidade que os esmaga, chegam a uma fazenda para mais um emprego temporário e se deparam com personagens completamente solitárias, impregnadas de preconceitos. Aos poucos, algumas delas se encantam com a possibilidade de fazerem parte desse sonho.
Contar esta história é acreditar na empatia do público pela amizade entre George e Lennie e que há corações de fato abertos para o outro. A mulher desvalorizada, o negro preterido e o velho descartável são figuras que escancaram valores distorcidos e nos fazem atentar para a força de quem esteve à margem e que atualmente se une e ganha voz.
Este espetáculo está em cartaz exatamente 60 anos depois da estreia de Augusto Boal na direção do Teatro de Arena com o mesmo texto de John Steinbeck, oportunidade de atentarmos para nosso passado, nossas quedas e valorizarmos cada conquista.
Talvez, agora seja um bom momento para observarmos o mundo, partindo do contorno até em espiral, chegarmos a cada um de nós e, aí sim, termos certeza de que podemos continuar a sonhar com algo justo, plural.
Sobre Ratos e Homens
Quando: Quarta e quinta, 20h. 100 min. Até 30/6/2016
Onde: Teatro Mab Faap – Rua Alagoas, 903, Higienópolis, São Paulo, tel. 11 3662-7232
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Classificação etária: 14 anos