Horrorosas Desprezíveis não quer ser a banda mais bonita da cidade
Por Miguel Arcanjo Prado
Nada de cantar o amor. Tampouco fazer uma oração. Nem mesmo celebrar a penteadeira da avó. Horrorosas Desprezíveis está longe de ser a banda mais bonita da cidade. Nem quer. O trio formado por Amira Massabki, Jo Mistinguett e Patricia Cipriano agita a cena cultural de Curitiba nos últimos meses com rock, punk, atitude e feminismo. Sem pudores ou recato.
Elas fazem show grátis neste domingo (26), às 17h, no Teatro José Maria Santos, em Curitiba, dentro da Ocupação da Casa Selvática no espaço com a peça Pinheiros e Precipícios, que será encenada na sequência, às 20h (com ingressos a R$ 13 e R$ 26, a peça).
Mas, voltemos à banda. Amira já começa a entrevista demonstrando personalidade de sobra. “Eu digo que não acredito em banda, acho que é uma coisa colegial”. Ao que Patricia contra-argumenta: “Coisa de colegial é ficar marcando ensaios às escondidas, criando um monte de argumentinhos ruins pra convencer deus e o mundo de que o nome banda tem que ser o que você escolheu”. Amira responde, na lata: “Não é ensaio, porque não é banda. É produção musical. E você não sabe fazer isso, Patricia”. Ao que Patricia, solenemente, encerra a discussão: “Seu cu! Trabalho com isso uma vida!”
Enquanto elas não definem se são ou não uma banda, Amira, que toca a guitarra, confessa gostar de “tocar tango e bolero”, enquanto Jo, a baixista, diz que a banda [assumindo pela primeira vez a palavra] “é um vômito, um grito, um foda-se, um desabafo”, lembrando que gosta de tocar “punk, glam rock, romantic music freaks synth glitch ugly pop electro samba”.
Patricia revela que “depois de várias tentativas frustrantes com instrumentos musicais” ela fica “na punheta mesmo” na função de vocalista. E decreta: “A Horrorosas Desprezíveis é uma banda que fortalece o que eu tenho de melhor e pior como mulher e como ser humano”.
O começo não poderia ser mais apropriado. Elas contam que se encontraram, “sem querer”, em um show de uma “banda muito higiênica”. Durante a apresentação, trocaram impressões de como “o mimimimi do bom-mocismo é chato”. Assim nasceu a Horrorosas Desprezíveis.
Cheias de atitude, como há muito não se vê na cena roqueira brasileira, as meninas já têm até o fã clube Defecantes. “Mas ainda não encontramos uma maneira para juntar os membros”, despistam. Quando o Blog do Arcanjo do UOL pergunta: “Vocês querem ser a banda mais bonita da cidade?”, elas respondem, quase fazendo um manifesto:
“Chega da estética do belo. Somos Horrorosas Desprezíveis , somos malditas, boca suja. Foda-se! Cão chupando manga. Usamos calcinha bege e tem dias que ela fica manchada de sangue. Não queremos música higienista! Nosso som é de calcinha suja, logo nossa perspectiva de vida passa longe de sermos as bonitas/ legais/ mimimi/sorria e acene da cidade”.
Conheça as três integrantes da Horrorosas Desprezíveis:
Amira Massabki, a guitarrista, é comunicóloga, compositora e esotérica. Diz também que é usurpadora musical e atriz fake de papel único: a cantora decadente. Diz que é a guitarrista da Horrorosas Desprezíveis só porque a guitarra é vermelha. Em 2015, lançou o trabalho solo “Freakmusic Tupiniquim dos Tempos Atuais de Agora”. Atualmente, grava seu segundo trabalho, o “Haribô Radioativa”.
Jo Mistinguett, a baixista, é DJ, sonoplasta e produtora musical com carreira respeitada na cena eletrônica não só no Brasil como também na Europa, onde realizou duas turnês do “Live PA Mistinguett Live”, com o qual ganhou o Prêmio London Burning em 2007 de melhor disco de música eletrônica independente e foi indicada ao Prêmio TIM de Música no Brasil. Em 2011, lançou o disco “Ichiban”.
Patricia Cipriano, a vocalista, costuma dizer que é atriz e que sobrevive disso. Foi indicada três vezes ao Prêmio Gralha Azul, o mais importante do teatro paranaense, e levou o troféu em uma delas. É sócia da Companhia Bife Seco e artista residente na Casa Selvática, além também de ser produtora, bartender e oferecer suas técnicas de reparo a figurinos quando for necessário. Também comanda o Bolero’s Bar, que congrega a cena cultural alternativa curitibana com os melhores drinques da cidade.
Horrorosas Desprezíveis
Quando: Domingo (26), 17h
Onde: Teatro José Maria Santos – Rua Treze de Maio, 655, Curitiba, Paraná
Quanto: Grátis
Informações: horrorosasdesprezíveis@gmail.com e Facebook Oficial Horrorosas Desprezíveis
Classificação etária: 16 anos
Pinheiros e Precipícios (peça da Selvática e O Estábulo de Luxo)
Quando: Domingo (26), 20h (última apresentação)
Onde: Teatro José Maria Santos – Rua Treze de Maio, 655, Curitiba, Paraná
Quanto: R$ 13 (meia) e R$ 26 (inteira)
Classificação etária: 16 anos