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As Ondas ou Uma Autópsia – a beleza do instante, por Gabriel Miziara

© Joao Caldas Fº

Gabriel Miziara na peça As Ondas ou Uma Autópsia - Foto: João Caldas Filho

Gabriel Miziara na peça As Ondas ou Uma Autópsia – Foto: João Caldas Filho

Por GABRIEL MIZIARA
Ator, diretor e dramaturgo da peça As Ondas ou Uma Autópsia

Quando a escritora britânica Virginia Woolf (1882-1941) terminou de escrever As Ondas, seu sétimo romance,  ela escreveu no seu diário: “Quão física a sensação de triunfo e alívio”. Virginia sabia que aquele tinha sido, até então, seu maior desafio.

Com As Ondas, Virginia queria captar a beleza e a intensidade de cada instante vivido sem se preocupar com uma narrativa lógica, característica principal dos romances anteriores ao modernismo.

Cada um dos seis personagens criados por ela vive cada acontecimento dentro de si. Bernard, Neville, Louis, Jinny, Rhoda e Susan, narram suas vidas; anseios, vontades, vitórias e frustrações, a partir de dentro, mergulhamos na mente de cada um deles.

Conseguimos enxergar os muitos mundos que existem em um único mundo, como cada acontecimento muda completamente ao ser vivenciado por pessoas distintas, como a realidade interna de cada indivíduo molda o pensamento, as reações diante dos acontecimentos da vida.

Todos os temas recorrentes na obra da escritora estão em As Ondas, inclusive um dos principais: a morte. Foi aí que encontrei a “autópsia” a que me refiro no título do espetáculo. Dentro do romance, existem as mortes concretas e as mortes metafóricas, tratadas de maneira profunda e delicada e foi isso que me fez, há quatro anos, me encantar por este livro.

Eu escolhi, assim como Virginia, falar sobre morte. Não a morte como ponto final, mas como possibilidade de olhar a vida com novos olhos. Ressignificar  o instante. Encontrar nele toda potência que é acachapada pelo cotidiano. Não sabemos quando a morte nos tocará, sabemos sim, que caminhamos em direção a ela e que a qualquer momento poderemos desaparecer.

O que Virginia buscou escrevendo o romance e o que busco ao fazer este espetáculo é apresentar a magia do instante, o instante como uma revolta, como uma poesia constante que resiste à morte pela sua beleza.

As Ondas ou Uma Autópsia
Quando: Sexta, 21h30, sábado, 21h, domingo, 19h. 60 min. Até 7/8/2016
Onde: Viga Espaço Cênico – Rua Capote Valente, 1323, metrô Sumaré, São Paulo, tel. 11 3801-1843
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Classificação etária: 16 anos

Gabriel Miziara escreveu, dirige e atua em As Ondas ou Uma Autópsia – Foto: João Caldas Filho

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