Imigrantes haitianos enfrentam o racismo com teatro em peça do Satyros
Por Miguel Arcanjo Prado
Com seu jeito doce, olhos brilhantes e tímidos e o charmoso sotaque francês, os imigrantes haitianos fazem cada vez mais parte do cotidiano paulistano. E conquistam também os palcos da cidade.
Se no começo do ano eles foram tema de “Cidade Vodu”, do Teatro de Narradores, agora é a vez de o grupo Os Satyros estrear uma obra teatral dedicada a esta população que, infelizmente, ainda é vítima de preconceito e racismo na sociedade brasileira.
“Haiti Somos Nós” é o nome da peça, que traz nomes famosos, como Letícia Sabatella, Maria Casadevall e Pascoal da Conceição, contracenando com os imigrantes selecionados por meio de uma convocatória pública. A estreia está marcada para esta sexta (5), às 20h, na Galeria Olido, no centro paulistano, com entrada gratuita e ingressos distribuídos a partir das 19h.
No elenco, estão Barbara Bonnet, Breno da Matta, Carolina Pierre, Danilo Pierre, Fedo Bacourt, Henrique Mello, Isam Ahmad, Jean-Dennys, Jefferson Casimir, Letícia Sabatella, Loudis Beauvais, Love Darline, Maria Casadevall, Pascoal da Conceição, Ricardo Bonnet e Rilienne Rilchard.
O Blog do Arcanjo do UOL conversou com alguns dos dez imigrantes haitianos participantes da obra. Eles contaram que desde que um forte terremoto devastou seu país em 2010, aos sobreviventes não restaram muitas alternativas a não ser migrar pelo mundo.
E o Brasil foi um dos principais destinos, devido à facilidade para conseguir se legalizar por aqui. Contudo, logo perceberam que a realidade do tratamento de muitos brasileiros era bem diferente do sonhado.
Desde 2010, estima-se que cerca de 90 mil haitianos tenham atravessado a fronteira brasileira. E eles demonstram gratidão pela acolhida. “Eu agradeço ao governo brasileiro e ao povo do Brasil em nome de todos os haitianos”, diz Fedo Bacourt.
Mesmo passando por adversidades, sua colega, Barbara Bonnet, revela que durante o projeto da peça aprendeu que “muitos brasileiros que amam os imigrantes mostram que o amor é sempre mais forte que o ódio”. Já Jefferson Casimir afirma que “o projeto unifica a gente”. E define: “Juntos estaremos mais fortes”.
Ao que Caroline Pierre complementa: “No projeto ‘Haiti Somos Nós’ encontrei respeito e carinho que pensei que não encontraria”. A peça também melhorou a imagem de Love Darline sobre o Brasil: “Desde que entrei no ‘Haiti Somos Nós’, estou vivendo uma outra experiência no Brasil”.
Para Ricardo Bonnet, “o projeto mostra que não são todos os brasileiros que são racistas”. Enquanto que Pierre Danielo Delice diz que o espetáculo “nos ensina mais uma vez como nos unir”.
Este último tem discurso sintonizado com o do diretor, Rodolfo García Vázquez, que assina o roteiro com Ivam Cabral. Vázquez finaliza o papo com uma frase para se pensar: “Apesar das diferenças, a humanidade nos une”. Porque, afinal de contas, quem gosta de segregação humano não é.
“Haiti Somos Nós”
Quando: Sexta e sábado, 20h, domingo, 19h. 60 min. Até 7/8/2016
Onde: Galeria Olido – Av. São João, 473, metrô República, São Paulo, tel. 11 3331-8399
Quanto: Grátis (ingresso distribuído uma hora antes)
Classificação etária: Livre
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