Sucesso na Broadway e no Brasil, “My Fair Lady” volta com astro Paulo Szot
Por Miguel Arcanjo Prado
O diretor Jorge Takla não gosta de remontar espetáculos que já fez. Diz que dá mais trabalho do que criar um novo. Mas, abriu uma exceção, por insistência dos produtores, para o musical “My Fair Lady”, que encenou com sucesso em 2007. Ele volta a dirigir o texto baseado no clássico “Pigmalião”, de George Bernard Shaw, com versão de Cláudio Botelho. A superprodução celebra ainda os 60 anos da estreia do texto na Broadway e estreia nesta sexta (27) no Teatro Santander, em São Paulo.
O elenco traz um ator tarimbado internacionalmente e uma estreante em musicais. Paulo Szot, primeiro e único brasileiro a ganhar o prêmio Tony (o Oscar do teatro norte-americano) de melhor ator por sua atuação no musical “South Pacific” na Broadway em 2008 vive o protagonista masculino, Professor Higgins, que tem como obsessão transformar a pobretona Eliza Doolittle em uma dama da alta sociedade.
O papel protagonista feminino desta vez pertence à cantora lírica goiana Daniele Nastri, ainda impactada com a novidade. “É uma situação quase surreal para mim. Estou muito alegre e espero poder contribuir. Vi trechos da versão de 2007, com Amanda Acosta no papel, no YouTube, e achei maravilhoso. Estou tentando respeitar o que já fizeram e também colocando minha contribuição. O Paulo me dá apoio e muito carinho”, conta.
Mesmo novata no gênero, Daniele arranca elogios do diretor musical, Luís Gustavo Potri. “Ela é muito disciplinada. E deu uma liga muito forte entre ela e Paulo. Em uma semana de ensaios já tínhamos chegado no nível que queríamos”, diz.
Szot, apesar do sucesso feito nos Estados Unidos, também estreia em um musical no Brasil. Antes, só havia feito óperas em sua terra natal. “Fazer um musical aqui sempre foi um sonho desde a adolescência”, confessa.
Ele conta que conhece Takla desde os tempos de ópera no Theatro Municipal de São Paulo no fim da década de 1990, quando ficaram amigos. E revela que o diretor brasileiro foi a Nova York vê-lo em “South Pacific”. Szot também viu “My Fair Lady” em São Paulo diversas vezes. “O Daniel Boaventura, a Amanda Acosta e o Francarlos Reis estavam incríveis”, lembra, citando os atores principais da montagem de 2007. “Referências do passado são aprendizado”, declara.
Fábio Namatame, responsável pelos figurinos exuberantes, diz que desta vez tudo ficou “bem mais colorido”. “O Tânia Nardini [diretora associada e coreógrafa] me falou que não precisava ser melhor do que em 2007, apenas diferente. Mas, quando vi o cenário do Nicolás, eu pensei: “Não posso ficar para trás”. Fiz um figurino sofisticado e elegante”, define.
Também vindo da ópera, o cenógrafo argentino Nicolás Boni é outro que estreia em musicais. “Já fiz cenários para mais de 40 óperas, mas é meu primeiro musical. Foi uma novidade para mim, porque tem pouco tempo para as trocas de cenário”, diz, em portunhol.
E ainda tem mais estreante no gênero: a atriz Eliete Cigaarini, que faz a mãe do protagonista, a quatrocentona Sra. Higgins. “É meu primeiro grande musical na carreira. Ela é uma rica inglesa que acaba se afeiçoando pela integridade da Eliza. A Meggie Smith foi minha inspiração”, revela.
E a nova montagem de “My Fair Lady” traz uma ironia do passado no elenco. No papel de Alfred Doolittle, o pai de Eliza, está o ator Sandro Christopher. Takla revela que ele havia sido o nome pensado também para o papel em 2007, mas não pode por outros compromissos, dando o lugar a Francarlos Reis, que acabou abocanhando público e crítica com o farto carisma que tinha — Reis morreu em 2009. “Para o Sandro foi difícil pegar esta herança, mas o Sandro sempre foi a inspiração para o papel. Este musical é repleto de personagens ricos”, diz Takla.
O diretor ainda lembra a histórica montagem do texto com Bibi Ferreira, Paulo Autran e Jayme Costa em 1962 no Brasil. “A Marília Pêra também estava neste elenco e fazia parte dos bailarinos. Porque naquela época você tinha os atores, os cantores e os bailarinos, tudo separado. Hoje, os integrantes do ensamble [coro] sabem fazer tudo: cantar, atuar e dançar. Cada um é um protagonista de musical em potencial”, elogia Takla.
“My Fair Lady”
Quando: Quinta e sexta, 21h. Sábado, 17h e 21h, domingo, 16h e 20h. 2h30 em 2 atos com 15 min. de intervalo. Até 11/12/2016
Onde: Teatro Santander – Complexo Shopping JK – Av. Juscelino Kubitschek, 2041, CPTM Vila Olímpia, São Paulo, tel. 11 4003-1022
Quanto: R$ 50 a R$ 240
Classificação etária: Livre
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