Por Miguel Arcanjo Prado
Paulistana do bairro Butantã, Elizabeth Savala, radicada no Rio desde os anos 1970, não pisa em um palco de sua cidade natal há dez anos. Mas o jejum está prestes a ser quebrado, no próximo dia 10 de setembro, quando estreia no Teatro Brigadeiro, em São Paulo, a comédia “A.M.A.D.A.S – Associação de Mulheres que Acordam Despencadas”, de Regiana Antonini.
Na peça, o envelhecimento da mulher moderna é colocado no palco. Afinal, as pressões são muitas e a mulher de meia idade se vê vítima de “demandas de uma sociedade cada vez mais fútil”, como descreve a autora.
Temas como cirurgias plásticas e botox perpassam a obra dirigida por Luiz Arthur Nunes, sempre de forma muito bem humorada. Aos 61 anos, Elizabeth está sozinha em cena. “A Regina Antônia é mais uma mulher que um dia acordou despencada. O fenômeno do ‘despencamento’ atinge a todas nós. Um dia você se olha no espelho e descobre que tudo caiu”, fala a atriz, que lembra como foi viver tal dia.
“Comigo aconteceu no meu aniversário de 51 anos. No dia anterior, acordei e li meu jornal, como sempre. No dia seguinte, já não conseguia ler sem óculos. A peça fala sobre tudo que nos acontece com a chegada da meia idade”, diz.
No monólogo, Elizabeth se divide entre outros personagens, como a “amiga gostosona” da protagonista. “Aquela amiga que era três anos mais velha, mas que aparentava cinco anos mais nova e que, agora, 20 anos depois, à custa de muito botox, silicone e academias de ginástica, parece ser de uma geração posterior à da protagonista. O embate entre as duas é muito rico e prazeroso para mim como atriz”, define.
Mesmo alertando sobre o perigo dos exageros em nome da vaidade, Elizabeth prefere não passar lição de moral. “Eu não condeno nada, nem ninguém”. Entretanto, lembra uma verdade incômoda sobre as plásticas: “Você pode ficar melhor, mas também pode ficar muito pior”.
Apesar de distante da cidade há tanto tempo, foi em São Paulo que Elizabeth começou a carreira na TV Cultura, quando apareceu pela primeira vez em 1972, dirigida por Antunes Filho. Logo, seu talento e beleza chamaram a atenção dos produtores de novela. E ela foi trabalhar na Globo, no Rio.
Seu primeiro papel foi a Malvina de “Gabriela” em 1975, que lhe rendeu o Troféu Imprensa e o Prêmio APCA de atriz revelação daquele ano. Desde então, construiu carreira brilhante nas últimas quatro décadas. Em 2013, ganhou novamente o Prêmio APCA por seu desempenho na novela “Amor à Vida”. A atriz acaba de viver Cunegundes na novela “Êta Mundo Bom” e teve um susto na reta final da trama, no mês passado: passou mal e precisou ser internada, com dores no sistema digestivo após comer um coco. Mas, logo recebeu alta.
Por isso, comemora a volta aos palcos paulistanos na peça com produção de seu marido, Camilo Áttila. “No teatro você não engana ninguém. Fez, fez, não fez, fizesse”. E diz que rir sempre é o melhor remédio. “O humor aproxima as pessoas. Desde criança eu aprendi a debochar de mim mesma. Isso é uma grande vantagem, pois ninguém vai debochar de você quando você já faz isso naturalmente”, ensina.
“A.M.A.D.A.S – Associação de Mulheres que Acordam Despencadas”
Quando: Sábado, 21h, domingo, 19h. 80 min. De 10/9 até 13/11/2016
Onde: Teatro Brigadeiro – Av. Brigadeiro Luís Antônio, 884, Bela Vista, metrô São Joaquim, São Paulo, tel. 11 3115-2637
Quanto: R$ 90
Classificação etária: 12 anos
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