Crítica: Com elenco afinado, musical “Forever Young” dá fôlego à velhice

Musical "Forever Young" faz mistura pop entre velhice e rock - Foto: Paprica Fotografia

Musical “Forever Young” faz mistura pop entre velhice e rock – Foto: Paprica Fotografia

Por Miguel Arcanjo Prado

O musical “Forever Young”, em cartaz em São Paulo, é muito mais que uma reunião de famosos querendo demonstrar versatilidade em canções pop.

A produção é uma ode à vida embalada por alguns dos melhores momentos musicais de transe coletivo que a humanidade conseguiu produzir: o bom e velho rock’n’roll feito por uma geração sedenta por mudar o mundo, mas que, pelo jeito, infelizmente, ainda não conseguiu.

Mas isso não prejudica em nada este musical de estrutura bem simples, mas nem por isso menos envolvente que qualquer outra dessas superproduções do gênero que atraem as vans repletas de senhorinhas. Porque o espetáculo consegue ter o frescor da juventude movida a utopia. Como deve ser.

Sensação europeia, o texto do suíço Erik Gedeon aqui ganha direção de Jarbas Homem de Mello, com supervisão de Henrique Benjamim, também tradutor. Coloca no palco seis velhinhos trancafiados em um asilo de artistas sob os ditames de uma enfermeira-vedete, defendida por Fafy Siqueira com o carisma de sempre.

"Forever Young" está em cartaz em SP - Foto: Paprica Fotografia

“Forever Young” está em cartaz em SP – Foto: Paprica Fotografia

Claudia Ohana, Carmo Dalla Vecchia, Jarbas Homem de Mello, Marcos Tumura, Paula Capovilla e Miguel Briamonte, este último ao piano e na virtuosa direção musical, são os artistas quase centenários. Estes, a cada sumiço da enfermeira, tornam-se como adolescentes rebeldes e transformam a sala do asilo em uma espécie de revival de Woodstok — ou do Rock in Rio?.

Cada um vai por caminho distinto na defesa de seu personagem, além de demonstrar habilidade nos arranjos vocais repletos de tessituras, sobretudo Paula Capovilla, com voz madura e segura, além da forte presença cênica.

Outros dois se destacam também: Marcos Tumura, pela sutileza encontrada na composição de seu velho hippie, e Claudia Ohana, pela leveza que consegue imprimir à sua diva.

O enredo faz com que o público acompanhe aqueles velhinhos naquelas canções que tanto deixaram saudade de um tempo bom. Não há muito mais do que isso. Nem precisa.

Afinal, cada espectador tem sua própria relação com as músicas , ressignificando as cenas ao recuperar lembranças íntimas que foram embaladas por aquelas melodias.

A direção demonstra sensibilidade na encenação, que encontra seu momento ápice na cena na qual os personagens fumam maconha, introduzida pelo personagem de Tumura, conseguindo abertura para que um momento de comunhão e afeto entre artistas e público se estabeleça.

“Forever Young” aposta em canções que fazem parte do inconsciente coletivo ao mesmo tempo em que apresenta, com elas, uma constatação simples, mas nem por isso menos importante: a velhice não significa o fim da vida, mas pode transformar-se em seu redescobrimento.

Afinal, enquanto se respira, o sonho ainda não acabou.

“Forever Young” * * * *
Avaliação: Muito Bom
Quando: Sexta, 21h30, sábado, 21h, domingo, 15h e 18h. 90 min. Até 30/10/2016
Onde: Teatro Fecomércio Raul Cortez – R. Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, São Paulo, tel. 11 3254-1631
Quanto: R$ 100; promoção: sessão de domingo, às 15h, custa R$ 50
Classificação etária: 10 anos

Leia entrevista com o elenco de “Forever Young”!

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