Por trás do pano – Rapidinhas teatrais

Ivam Cabral (de vermelho) se emociona na cerimônia com as cinzas de Phedra D. Córdoba na Satyrianas – Foto: Andre Stefano
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Haja coração
Foi pura emoção o momento em que parte das cinzas de Phedra D. Córdoba foi atirada pelo ator Laerte Késsimos sobre as pessoas que estavam na praça Roosevelt, no último sábado (12), na Satyrianas. Ivam Cabral, que cuidou de Phedra nos últimos anos, chorou copiosamente vestido com um dos figurinos da eterna diva do Satyros.

Emocionadíssimo, Laerte Késsimos espalha as cinzas de Phedra nas pessoa que frequentam a praça Roosevelt, como ela queria – Foto: Andre Stefano
Ousado como Phedra
Muitos frequentadores da Satyrianas não esperavam tamanha espontaneidade do ator Laerte Késsimos, que cobriu todo o público com as cinzas de Phedra. Para quem não sabe, Laerte era amigo íntimo da diva cubana e foi o diretor do programa que ela teve no YouTube: “Dicas de Teatro com Phedra D. Córdoba”. Sem dúvidas, o melhor que já existiu neste gênero. Ele gravava o programa no apartamento da atriz, na praça Roosevelt. Em muitas gravações, o gato de Phedra, Primo Bianco, participava também, sentado em seu colo.

Paula Cohen atira as cinzas de Phedra na Roosevelt, observada por Cléo De Páris, emocionada – Fotos: Juliana Monteiro Carrascoza
Da janela lateral
A turma da peça “Marquesa de Córdoba”, de Alexandre Staut, que foi lida na Satyrianas com direção de Paula Cohen, também teve sua parte das cinzas da diva, que foi atirada de uma janela do alto da SP Escola de Teatro sobre a praça Roosevelt. No elenco, estiveram Paula Cohen, Cléo de Páris, Alexandre Staut, Thiago Mendonça e Luis Henrique Oliveira. Cléo De Páris, atriz e grande amiga de Phedra, se emocionou muito no momento em que Paula, também fortemente abalada, atirou as cinzas de Phedra sobre o ar da praça Roosevelt. “Marquesa”, inspirada em “Madame Pompadour”, era a última peça que Phedra D. Córdoba queria encenar. Ela não teve tempo, infelizmente.
Mão em mão
O elenco de “Phedras por Phedra”, espetáculo-show dirigido por Robson Catalunha e Gero Camilo, passou as cinzas de Phedra pelas mãos do público, que lotou o Estação Satyros, antes de jogá-las na praça. Como diz o refrão da música de Luiz Pinheiro sobre a diva: Colibri, jatobá, loba!

Parte das cinzas de Phedra são jogadas em árvore da praça Roosevelt, com presença de Miguel Arcanjo Prado, Juan Manuel Tellategui, Raphael Garcia, Márcia Araújo Dailyn, Lauanda Varone, Sergio Oliveira, Cléo De Páris e Julia Bobrow – Foto: Bob Sousa
Árvore da Roosevelt
Já a turma do espetáculo “Entrevista com Phedra”, que teve sessão apinhada de gente no Satyros 1 na terça (15), jogou sua parte das cinzas de Phedra em uma das árvores da praça Roosevelt. Afinal, a diva disse uma vez em entrevista a este vosso colunista e autor da peça que queria ser lembrada como uma “árvore da praça Roosevelt”, da qual se declarou “uma entidade”. Sergio Oliveira, o Serginho, que morou junto de Phedra por muitos anos, foi o responsável por jogar as cinzas, enquanto a equipe da peça e amigos de Phedra do Satyros faziam uma roda gritando seu nome. Foi de arrepiar.
Choro ao fim
Aliás, quem viu “Entrevista de Phedra” sabe a emoção que tomou conta da plateia após ver o desempenho de Livia La Gatto e Raphael Garcia sob direção de Juan Manuel Tellategui. Abraços emocionados marcaram o fim do espetáculo, quando o público invadiu o palco, em êxtase, para entrar em comunhão com a equipe da peça. A peça estreia em 2017.

Raphael Garcia, Juan Manuel Tellategui, Lauanda Varone, Miguel Arcanjo Prado e Livia La Gatto, ao fim de “Entrevista com Phedra”: pura emoção – Foto: Bob Sousa
Phedra!!!
Ao fim da peça, este vosso colunista pediu a todos que soprassem energia em direção às cinzas de Phedra e gritassem seu nome em voz alta. No que foi prontamente atendido. Foi de perder o fôlego.

Junto do Satyros 1 lotado, equipe de “Entrevista com Phedra” grita o nome da diva – Foto: Roberto Ikeda
Mais emoção
Na abertura da Satyrianas, Gustavo Ferreira e Suzana Muniz, respectivamente diretor geral e produtora executiva da Satyrianas, jogaram parte das cinzas de Phedra em um canteiro da praça Roosevelt. Os dois choravam copiosamente.

Suzana Muniz e Gustavo Ferreira, emocionados, espalham cinzas de Phedra D. Córdoba pela praça Roosevelt – Foto: Fábio da Silva/Coletivo Fotomix

Gustavo Ferreira e Rodolfo García Vázquez, do Satyros, se abraçam emocionados – Foto: Fábio da Silva/Coletivo Fotomix
Viva Phedra
Depois da cerimônia, Gustavo abraçou Rodolfo García Vázquez, que também ficou abalado ao lembrar-se da amiga e maior atriz que já passou por sua companhia, Os Satyros.
Garotas Satyrianas
Ao fim da Satyrianas, a atriz transexual Leona Jhovs e a comerciante Gilda Freitas Orbetelli, do Vinil Retrô Cafeteria e Tabacaria, na praça Roosevelt, foram eleitas as novas Garotas Satyrianas, título tradicional dado a personalidades do festival que chegou à sua 17ª edição. O título foi entregue por Divina Valéria, amiga de Phedra D. Córdoba de toda a vida, que fez o show de encerramento. Como deve ser.
Som ao redor
“Fim de Partida”, espetáculo com texto de Samuel Beckett, dirigido por Eric Lenate – indicado ao Prêmio APCA de Teatro 2016 como melhor ator pela montagem –, reestreia na SP Escola de Teatro, neste sábado (19), às 21h30. No elenco estão o Lenate, que pela primeira vez, dirige um espetáculo em que atua, Rubens Caribé, Ricardo Grasson, Miriam Rinaldi e L.P. Daniel. Um dos destaques é a trilha musical, criada e executada ao vivo, no palco, por L. P. Daniel que, com seu piano, assume o papel de uma espécie de quinta voz na peça. Danado.
Nômade em SP
O espetáculo Kassandra, da catarinense La Vaca Companhia de Artes Cênicas, está com dificuldades para se apresentar na capital paulista. Tudo porque o dramaturgo franco-uruguaio Sergio Blanco tem duas condições para a peça ser montada: que o texto seja encenado no idioma em que foi escrito, ou seja, o inglês rudimentar próprio dos imigrantes, e que as apresentações aconteçam sempre em espaços não convencionais.
Negativas
Como a montagem brasileira optou por estabelecimentos de diversão adulta (casas de shows eróticos, casas de swing, etc) a dificuldade para encenar a peça em São Paulo aumenta. A Kilt Shows topou a parada, mas depois disse não. Então a peça foi parar na Boate L’Amour, mas só fez duas apresentações e a casa não quis continuar com a temporada.
Novo espaço
Com direção de Renato Turnes Kassandra, uma performer transgênera personificada pela atriz Milena Moraes agora desembarca na Coco Bongo, na badalada Rua Augusta. As apresentações acontecem dias 18 e 19 de novembro, sexta-feira e sábado e depois de 24 de novembro a 4 de dezembro, de quinta-feira a domingo, sempre às 20 horas. Vai, gente.
Arrastão
Soraya Ravenle faz o show “50 anos de MPB – a Era dos Festivais”, no próximo dia 23 de novembro, no Theatro Net Rio. A apresentação celebra o repertório que marcou a geração dos anos 1960, quando o país revelou talentos como Elis Regina, Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo e vários outros. A direção musical é do compositor carioca Edu Krieger. No repertório, “Arrastão”, “Alegria, Alegria”, “Disparada”, “Ponteio” e “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” prometem emocionar o público.
Novidade na área
Estreia nesta segunda (21), 20h, “O Coração dos Homens”, de Veronica Stigger. A direção é de Henrique Stroeter e no elenco está Fernanda Cunha. No Teatro Cemitério de Automóveis, em São Paulo. Estão todos convidados.
Ruínas
“Casa Apodrecida” é uma versão teatral livremente inspirada no romance realista “O Primo Basílio”, escrito por Eça de Queirós e publicado em 1878. A peça estreia em 19 de novembro, neste sábado, às 19h e permanecerá em cartaz, em curta temporada, até 13 de dezembro, no teatro da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Quem assina a direção é o mineiro Leonardo Bertholini, que estreia nos palcos paulistanos nessa função. Bem-vindo.
Atores
No elenco de “Casa Apodrecida” estão Bianca Fernandes, Camille Bonnenfant, Marco Biglia, Nathália Côrrea e Vandré Silveira. Turma boa.
Troca-troca
O Grupo Obragem de Teatro de Curitiba chega a Belo Horizonte para apresentar o espetáculo “Essencial” nos dias 25 e 26 de novembro de 2016, no Teatro Espanca. As apresentações têm entrada gratuita e acontecem na sexta-feira às 16h e 20h, e no sábado às 20h. Na sexta, após a sessão das 16h, o grupo também promove a conversa “A presença do ator em cena”, junto à Maldita Cia de Investigação Teatral. Vai, gente.
Andança
Em turnê pelo Brasil, viabilizada pelo Prêmio Myriam Muniz de Teatro de 2015, da Funarte, o Grupo Obragem de Teatro vem dialogando com diferentes coletivos teatrais do país, com o objetivo de conhecer seus procedimentos de criação e compartilhar processos artísticos e experiências. Em Belo Horizonte, o grupo escolhido para esse intercâmbio foi a Maldita Cia de Investigação Teatral. Que bom.
Cara Preta
Além do intercâmbio entre os dois grupos, a Maldita Cia também apresenta o espetáculo “Cara Preta” no dia 24 de novembro, às 20h, no Centro Cultural Vila Fátima, com entrada gratuita. A montagem faz parte da programação de circulação da Maldita pelos centros culturais de Belo Horizonte, em 2016, por meio do projeto Cena Música da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte. Coisa boa.
Bárbara em BH
Falando em BH, o público mineiro tem ainda mais alguns dias para conferir a peça “Gata em Telhado de Zinco Quente”, em cartaz no CCBB até o próximo dia 28. Sucesso de público e crítica, e com os ingressos esgotados em todas as sessões, a montagem do grupo TAPA estrelada por Bárbara Paz e Zécarlos Machado encerra a sua temporada na capital mineira.
Indicada
Sob a direção de Eduardo Tolentino de Araújo, o elenco traz ainda Augusto Zacchi, André Garolli, Noemi Marinho e Fernanda Viacava. A atriz Bárbara Paz, recebeu indicação ao prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) na categoria de melhor atriz, que será entregue em dezembro. A montagem também recebeu três indicações no prêmio Arte Qualidade, nas categorias de Melhor espetáculo Drama, Melhor Direção e Melhor Atriz.