Crônica do Arcanjo: Teatro combina com bar

La Movida Microteatro - Bar, em BH: peça, cerveja e bom papo - Foto: Marco Túlio Zerlotini

La Movida Microteatro – Bar, em BH: peça, cerveja e bom papo com gente descolada e inteligente – Foto: Marco Túlio Zerlotini

Por Miguel Arcanjo Prado

A boemia e os artistas sempre andaram juntos. E, em terra onde não tem praia, a dobradinha teatro e bar pode ser uma ótima pedida não só para este verão como também nas outras estações do ano.

Os paulistanos, sobretudo os frequentadores da praça Roosevelt, caso deste vosso cronista, sabem disso muito bem. O lugar virou reduto teatral da maior metrópole brasileira neste século 21 justamente porque grupos de teatro como Satyros e Parlapatões resolveram colocar um bar em suas respectivas sedes.

Ambos fervilham até hoje e colecionam frequentadores históricos, como os saudosos Paulo Autran e Phedra D. Córdoba, que adoravam trocar figurinha com as novas gerações embalados pela cerveja gelada.

Outro que adotou com sucesso o modelo foi o dramaturgo e diretor Mário Bortolotto, em seu charmoso Teatro e Bar Cemitério de Automóveis, também na capital paulista, sempre muitíssimo bem frequentado e inebriante depois da meia-noite, quando fecha suas portas (para a vizinhança não reclamar do barulho) e tudo pode acontecer.

Teatro-bares em SP: Satyros, Parlapatões e Cemitério de Automóveis - Fotos: Divulgação

Teatro-bares em SP: Satyros, Parlapatões e Cemitério de Automóveis são exemplos de sucesso – Fotos: Divulgação

O modelo, que já causou frenesi em lugares como Paris, Buenos Aires e Madri, agora está presente também em Belo Horizonte, cidade cujo teatro se torna mais potente a cada dia, com a inauguração do La Movida Microteatro – Bar.

Se as mesinhas ao ar livre já estão povoadas de gente descolada e inteligente, as salas do espaço recebem espetáculos de curta duração e experimentos cênicos que antes não tinham muita chance de encontrar o público, com exceção de festivais como o Cenas Curtas do Galpão ou a A-Mostra.Lab.

Mal estreou e o La Movida virou uma espécie de bate-ponto obrigatório dos artistas durante a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, que movimenta os teatros da capital mineira todos os verões.

Além de conquistar a classe artística local, o La Movida, cujo nome é inspirado no movimento Movida da Madri pós ditador Franco nos anos 1980, tem tudo para se tornar point também de artistas de outras partes do Brasil e do mundo em passagem pela capital mineira.

Clarice e Guilherme Théo - Foto: Arthur Misson

Clarice Castanheira e Guilherme Théo, sócios do La Movida: desejo de ser itinerantes por BH – Foto: Arthur Misson

É no que apostam a publicitária e produtora cultural Clarice Castanheira e o ator Guilherme Théo, que já convidaram nomes graúdos da cena mineira a dar as caras por lá e fecharam uma programação robusta para o primeiro trimestre do espaço.

Inquietos, os proprietários já mandaram avisar que o La Movida será itinerante. Ou seja, logo partirá da Casa Alfaiataria para novos endereços belo-horizontinos. Sempre respeitando o formato criado em Madri, na Espanha: com peças que duram menos que 15 minutos e tenham no máximo três atores em cena para um público seleto de até 15 pessoas em espaço cênico com no máximo 15 metros quadrados.

Ou seja, tudo muito intimista. No palco, na plateia e na mesa de bar, que, afinal, é o local ideal para filosofar e criar.

La Movida Microteatro – Bar
Onde: Rua Santa Rita Durão, 153, Funcionários, Belo Horizonte, tel. 31 98448-2598
Quando: De quarta a sábado, 18h à 1h30, domingo, 17h às 23h30. Micropeças de 21h às 22h45 (R$ 8 cada micropeça)

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