Por Miguel Arcanjo Prado
A Polícia Civil do Estado do Paraná invadiu a Casa Selvática, sede do grupo teatral Selvática Ações Artísticas, um dos mais importantes de Curitiba.
Sem que qualquer membro do grupo fosse avisado, policiais do Denarc Paraná arrombaram a porta do local no fim do ano passado e o deixaram tudo revirado. O local estava de recesso de fim de ano.
Quando entrou na casa e viu a situação, a dramaturga, diretora e atriz Leonarda Glück pensou que se tratasse de um roubo e chegou a chamar a PM, para registrar boletim de ocorrência.
Qual não foi sua surpresa, ao lado do produtor Gabriel Machado e da performer e iluminadora Semy Monastier, cuja família é proprietária do imóvel localizado na rua Nunes Machado, 950, ao encontrar um cópia de mandado de busca e apreensão assinado pela juíza Carmen Lucia de Azevedo e Mello, da 2ª Vara Criminal de Curitiba.
O documento informa que as buscas no local seriam para tentar prender Paulo Adriano Reis, acusado de tráfico de drogas. Os policiais não encontraram nada suspeito no local.
Os integrantes da Selvática afirmam não conhecer o acusado, além de lembrarem que o espaço, como centro cultural, é aberto e frequentado pelo público em geral. “Estamos recebendo apoio de advogados e amigos”, diz a artista Leonarda Glück, assustada ao ver a polícia invadir a sede do coletivo artístico.
A Selvática é um dos principais grupos teatrais atualmente no Paraná, com cerca de cinco anos de trajetória. O grupo já se apresentou em São Paulo, Rio, Fortaleza e Porto Alegre, além de representar o teatro brasileiro em lugares como Uruguai, Portugal e Espanha.
Em 2016, a peça “Pinheiros e Precipícios”, apresentada pela Selvática no Festival de Teatro de Curitiba sob direção de Ricardo Nolasco, foi eleita pelo Blog do Arcanjo do UOL como o melhor espetáculo do ano, ao lado de “Bacantes”, do Teat(r)o Oficina, de São Paulo.
Outro lado
A reportagem procurou a assessoria da Polícia Civil do Paraná, que enviou a seguinte nota:
“Com relação ao mandado de busca e apreensão realizado em um teatro durante a operação ‘Delivery’, deflagrada no mês de dezembro do ano passado pela Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), a Polícia Civil informa que tinha informações substânciais para solicitar à Justiça um mandado de busca e apreensão no local, já que o principal investigado – líder da quadrilha – Paulo Adriano Reis, realizava constantes entregas de cocaína aos frequentadores do teatro.
Interceptações telefônicas e filmagens realizadas pela equipe policial, comprovam o crime. As entregas eram realizadas na porta do estabelecimento e de forma contínua, motivo pelo qual foi representado e expedido o mandado de busca e apreensão no local. É importante ressaltar que a polícia judiciária trabalha com provas concretas antes mesmo de tomar qualquer medida.”
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