Crítica: Em God, Miguel Falabella vira Deus para criticar preconceito contra minorias
Por Miguel Arcanjo Prado
Miguel Falabella acostumou-se a interpretar no palco uma caricatura dele mesmo. Porque sabe que funciona.
Não é diferente em “God”, texto do norte-americano David Javerbaum, no qual ele vive o próprio Deus, cansado da humanidade e que resolve fazer uma revisão dos Dez Mandamentos.
Diante da recente onda conservadora que invade o Brasil e o mundo, com muitos propagando um ódio nada cristão em nome de Deus (a internet é um dos espaços no qual isso acontece cotidianamente), o texto ganha maior contundência, sobretudo quando critica o preconceito contra minorias, sobretudo em relação à homossexualidade. Falabella provoca e desconstrói mitos.
Autor da versão que encena, ele se apropria do texto e o abrasileira, como é de seu costume. A obra seria um monólogo, não fossem os anjos Miguel e Gabriel, que contracenam com o Todo-Poderoso.
Contudo, os atores Magno Bandarz e Elder Gattely, ambos com atuação monocórdica, não fazem frente a Miguel Falabella no palco, que a tudo domina. Seria interessante ver a peça com atores mais potentes no campo da comédia contracenando com o protagonista. A obra cresceria, e muito.
O ponto alto da peça é o ar debochado e politicamente incorreto que fez a fama de Falabella e é o que seu público espera. E que garante gargalhadas à plateia em busca disso.
Contudo, o mérito de Falabella é passar, entre um riso e outro, mensagens que alfinetam o conservadorismo vigente, quebrando paradigmas supostamente cristãos, mas nada corretos.
“God” * * *
Avaliação: Bom
Quando: Sexta, 21h, sábado, 18h e 21h, domingo, 18h. Até 19/2/2017
Onde: Teatro Procópio Ferreira – Rua Augusta, 2823, Jardins, São Paulo, tel. 11 3083-4475
Quanto: R$ 90 a R$ 150
Classificação etária: 14 anos
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