Com polêmica, MITsp é chance de conhecer peças gringas inéditas
Por Miguel Arcanjo Prado
Começou nesta terça (14), com protestos e apresentação para convidados da peça belga “Avante, Marche!”, no Theatro Municipal, a quarta edição da MITsp, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo.
A abertura foi marcada por gritos de “Fora, Temer” e também por pedido de descongelamento de praticamente metade do orçamento da pasta da Cultura da Prefeitura de São Paulo. Cartazes de protesto foram levados ao palco por artistas.
As falas dos representantes dos governos municipal, estadual e federal foram interrompidas diversas vezes por gritos de vindos da plateia.
A mestre de cerimônias, a atriz Georgette Fadel, concordou quando alguém gritou que o ministro da Cultura Roberto Freire era “covarde” por não ter comparecido. Ela disse: “com certeza”. Guilherme Marques, diretor de produção da MITsp, também apoiou o descongelamento do orçamento da verba da Cultura paulistana em sua fala.
O evento vai até o próximo dia 21 e é a chance de os brasileiros conferirem trabalhos de diretores e companhias que vêm causando furor no mercado teatral internacional, com peças do chileno Guilhermo Calderón e do libanês Rabih Mroué.
Ao todo são sete peças gringas, todas inéditas, além de três brasileiras, das quais duas também são inéditas. Este ano a MITsp se aprofunda na discussão do racismo, com parte de sua programação voltada à temática.
Polêmica
O evento já começa com polêmica. A diretora do grupo Os Crespos, Lucelia Sergio Conceição, acusou a peça “A Missão em Fragmentos: 12 Cenas de Descolonização em Legítima Defesa”, dirigida por Eugênio Lima e na programação da MITsp, de copiar o título do projeto e da revista “Legítima Defesa”, criada por seu grupo desde 2014. Ela acusou Lima de se apropriar do título e disse que o diretor “ganha grana de banco e bota banca para legitimar a cara de pau”.
Em texto publicado em resposta à acusação, o grupo Legítima Defesa, de Eugênio Lima, afirmou que a revista do grupo Os Crespos tem o mesmo nome da uma revista criada em 1932, em Paris. Segundo o grupo, a expressão “Legítima Defesa” é utilizada por negros em todo o mundo ao longo da história. “Este nome não é propriedade de ninguém”, afirma o comunicado. Lima ainda afirmou: “Eu falo para os negros que são negros e para os negros que não são”.
A peça “A Missão em Fragmentos: 12 Cenas de Descolonização em Legítima Defesa” é um desdobramento da performance “Em Legítima Defesa”, realizada na MITsp do ano passado, quando atores negros surgiram nos corredores dos teatros para protestar contra o racismo no Brasil.