Opinião: Antes de gênero ser moda, Rogéria já era ela
Por Miguel Arcanjo Prado
Bem antes de a discussão de gênero virar tema atualíssimo e motivo de paixão ou ódio para muita gente, Rogéria, que morreu nesta segunda (4) aos 74 anos no Rio, já era simplesmente Rogéria, sem necessidade de muitas explicações.
Afinal, onde quer que ela surgisse, fosse nos palcos, no cinema ou na televisão, conseguia eclipsar tudo ao redor com seu carisma triunfante. Era impossível não olhar para Rogéria. E amá-la.
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Assim foi em “Tieta”, novela de 1989 reprisada com sucesso atualmente no Canal Viva — justamente no momento de sua morte sua personagem aparece na trama, como bem observou o colega colunista Nilson Xavier.
A chegada da amiga “diferente” de Tieta em Santana do Agreste movimenta a cidadezinha e a trama, dando cor e frescor ao já efervescente folhetim de Aguinaldo Silva baseado na obra de Jorge Amado.
Nos palcos, Rogéria fez história. Foi ícone do antigo do teatro de revista — onde causava furor no palco do Teatro Rival, na Cinelândia — e dama do recente teatro musical, onde brilhou no musical “Sete”, da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, que soube em vida reconhecer seu talento e força expressiva cênica.
Rogéria era do tipo de divas que já não se fabricam mais. Aquelas que nasceram para brilhar ininterruptamente, como a cubana Phedra D. Córdoba, que morreu em 2016 no posto de diva absoluta do grupo Satyros e do teatro paulistano.
Não à toa, as duas eram amicíssimas e passavam horas conversando ao telefone, como as divas fazem. Juntas, devem estar preparando um grande espetáculo no céu. Com muita cor, brilho e coreografias impecáveis. Sem precisar responder ser são homem ou mulher. Afinal, precursora de tudo isso que aí está, Rogéria era simplesmente Rogéria. E ponto.
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