“Nos mantemos unidos”, diz sócio de Montagner um ano após morte do ator
Por Miguel Arcanjo Prado
O sonho de circo do ator e palhaço Domingos Montagner (1962-2016) é mantido vivo por sua viúva, a atriz Luciana Lima, e por sua família circense, como o sócio e irmão nos palcos e picadeiros Fernando Sampaio, um ano após sua trágica morte por afogamento nas águas do rio São Francisco, em 15 de setembro de 2016.
O ator mergulhava no local no intervalo das gravações da novela “Velho Chico” (Globo), da qual era protagonista, acompanhado da colega Camila Pitanga, que conseguiu se salvar da forte correnteza.
“Nos mantemos unidos e fortes como ele gostaria”, sintetiza em conversa com o Blog do Arcanjo do UOL Fernando Sampaio, que sempre se emociona quando fala do amigo e companheiro de trabalho por duas décadas.
Mais reservada, Luciana evita dar entrevistas, preferindo trabalhar incansavelmente nos bastidores para manter os projetos do marido em andamento. E se mantém firme para criar os três filhos que teve com o ator: Leo, de 13 anos, Antonio, de 10, e Dante, de 6.
Mais do que um “galã de TV”, Domingos Montagner era, de fato, um palhaço de circo. Era esta sua paixão e orgulho. Todos os que o conheceram de perto sabem disso muito bem.
Em maio deste ano, em rara aparição pública após a morte de Montagner, Luciana subiu ao palco do Teatro Municipal de São Paulo para receber o Grande Prêmio da Crítica, concedido pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes) a Domingos Montagner. Em seu discurso, afirmou que “sente Domingos sempre presente” ao seu lado.
Sobre a passagem do tempo da morte do marido, declarou: “Para alguns parece muito tempo, mas, para nós, os amigos e familiares, sabemos que não importa o quanto tempo passe. Acredito que ele está, em algum lugar, muito orgulhoso”.
“Fiel e dedicada”
Luciana atua como produtora executiva da trupe La Mínima, fundada por Montagner e Sampaio, e também do Circo Zanni, do qual Montagner era o diretor. Os dois projetos seguem atuantes nos palcos Brasil afora, fruto do desempenho de Luciana, Fernando e de todos os artistas envolvidos, muitos deles formados pelo próprio Montagner.
“A Luciana está à frente de todos os trabalhos, muito fiel e dedicada. Ela sempre está muito próxima, somos muito agarrados e cuidados por uma rede de amigos”, diz o ator Fernando Sampaio.
Projetos cumpridos
Sampaio conta que o último ano “foi dedicado ao Domingos, realizando todos os planos traçados pela companhia e desejados pelo Domingos”.
Ele lembra, inclusive, do elogiado espetáculo “Pagliacci”, que estreou no primeiro semestre e está indicado aos principais prêmios de teatro, como o APCA, o Shell e o Aplauso Brasil. “Ainda fizemos a Exposição dos 20 Anos do La Mínima, a mostra de repertório e um documentário que o nosso grande parceiro Luís Vilaça está dirigindo e produzindo”, revela Sampaio.
“Logicamente, a La Mínima está completamente impregnada pelo Domingos, tanto na cena, na ética, na paixão pelo ofício, na seriedade e tantos outros adjetivos mais. O Circo Zanni da mesma maneira, sempre dedicando os espetáculos ao eterno diretor”, afirma o companheiro de Montagner.
Homenagens
Neste mês de setembro, Montagner, como sempre aconteceu neste último ano, será homenageado nos espetáculos do grupo, como “À la Carte”, que será encenado nesta sexta (15), às 18h e às 21h no Sesc 24 de Maio, e “A Noite dos Palhaços Mudos”, com apresentações nos dias 16 e 17, às 17h, no Sesc Belenzinho, e 30 de setembro, às 21h, no Sesc Santana.
Domingos Montagner ainda foi celebrado no último dia 3 de setembro, durante participação do Circo Zanni no 10º Festival Paulista de Circo, em Piracicaba.
O palhaço segue vivo na memória daqueles que o amaram e no riso que seguem despertando no público. Como ele tanto gostava de fazer.
Acompanhe as atividades da La Mínima Circo e Teatro, fundada por Domingos Montagner