Poderosos brasileiros temem que assédio venha à tona
Por Miguel Arcanjo Prado
Muitos poderosos do mundo do Entretenimento brasileiro não devem estar confortáveis nos últimos dias. Afinal, muitos deles certamente temem que a onda de denúncia contra o assédio sexual que tomou Hollywood chegue também por aqui.
Nas últimas semanas, nos Estados Unidos, nomes que ficam diante das câmeras e nos bastidores foram acusados publicamente de terem cometido assédio no passado. E tiveram suas reputações destruídas em poucos minutos.
A lista inclui gente até então intocável, como os astros Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o diretor James Toback e os produtores Harvey Weinstein e Brett Ratner, com homens e mulheres denunciando publicamente terem sido vítimas de assédio por parte deles.
No Brasil, em março deste ano, a Globo foi abalada com o relato da figurinista Su Tonani, que acusou o galã da emissora José Mayer de assédio, explicitando que ele chegou a tocar seu órgão genital durante o trabalho.
O caso repercutiu no Brasil todo, foi amplamente repudiado, ganhando cobertura no principal noticiário do país, o “Jornal Nacional”, e gerando um movimento de atrizes e outras profissionais na emissora contra o assédio.
Contudo, ao contrário do caso Weinstein em Hollywood, a denúncia de Su Tonani não encorajou uma onda de relatos sobre assédio por parte de artistas brasileiros, como acontece agora nos EUA.
Propostas indecentes
Não é de hoje que quem cobre os bastidores do mundo da fama no Brasil escuta casos de propostas indecentes, de investidas desavergonhadas e de assédio sexual explícito por parte de muita gente poderosa no mundo do Entretenimento.
Contudo, praticamente ninguém torna essas histórias algo público, com medo de represálias e de prejudicarem suas respectivas carreiras. Afinal, os abusadores costumam ser gente com muito poder, e suas vítimas, cantores, atores e modelos com aspirações de sucesso.
Os abusadores aproveitam justamente esta posição privilegiada na indústria do Entretenimento e o sonho de muitos jovens pelo estrelato para cometer seus atos.
E ainda contam com a conivência de superiores e das empresas nas quais trabalham — sabe-se que muitos casos de assédio até chegam a ser denunciados, mas logo são abafados pelas chefias de muitos lugares.
E é bom deixar claro: assédio não é exclusividade do mundo do Entretenimento: acontece na farmácia, no salão, no hospital, no teatro, na feira, na escola, no cinema, na padaria, no shopping, na universidade, na redação, na multinacional, na pequena empresa ou em qualquer lugar onde haja seres humanos.
Agora, resta saber se a onda hollywoodiana de desmascarar os assediadores, dando seus nomes e sobrenomes, vai chegar por aqui, encorajando muitos e muitas a revelarem os horrores vividos. Com certeza, muita gente poderosa por aí não deve estar dormindo direito.
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