Cantora sergipana Héloa mergulha na ancestralidade negra em clipe
Por Miguel Arcanjo Prado
Com referências à ancestralidade negra, “A Paz que Desejei” é a aposta de hit da cantora sergipana Héloa.
Uma das boas promessas da nova MPB, ela acaba de lançar clipe da canção composta pelo baiano Eduardo Escariz.
No vídeo, ela surge no interior sergipano, em um reencontro após dois anos de ritmo frenético na metrópole São Paulo.
No ritmo do ijexá com influências do pop, a música integra o disco “Eu”, lançado pela Yb Music.
A canção exalta Oxum e a natureza, em um rito de respeito e conexão com as raízes negras da artista, representadas pela mãe da água doce.
Veja o vídeoclipe “A Paz que Desejei”, de Héloa, em primeiríssima mão para o Blog do Arcanjo do UOL:
Leia, abaixo, entrevista exclusiva que a cantora concedeu ao Blog do Arcanjo do UOL:
Miguel Arcanjo Prado — Qual a importância da sua ancestralidade negra na sua música?
Héloa — A ancestralidade negra para além da música. Está na minha conexão, na minha vivência. Está na minha infância, acompanhando meu pai em suas pesquisas etnomusicológica. Está na minha mãe em sua trajetória religiosa. Isso tudo foi fundamental para me enxergar e construir minha identidade de mulher negra, sergipana. Então, a conexão total está com minha própria história, assim como a minha música que tem uma relação direta com o meu passado e o que estou construindo. Crer no que não se vê, mas se sente. Essa para mim é a força ancestral. O que me rege e me guia. Para além da musicalidade, das batidas e dos ritmos de matrizes africanas aportados no Brasil, no âmbito da diáspora, que também estão presentes nessa canção, por exemplo. O ijexá.
Miguel Arcanjo Prado — Qual a parte mais difícil de São Paulo para uma cantora que veio de Sergipe?
Héloa — Acho que a maior dificuldade é não ser mais uma cantora nesse lugar de tantos artistas incríveis. Então, pra mim, apesar de estar aqui há 2 anos, busco sempre fazer esse retorno que dá todo sentido para minha existência e me torna diferente. Foi isso que São Paulo me proporcionou: um encontro com muitos, mas principalmente comigo mesma, é duro, mas é maravilhoso.
Miguel Arcanjo Prado — O que você quer compartilhar com o mundo com sua música?
Héloa — Quero compartilhar minha realidade de quem se arrisca, da artista, mulher, negra, independente. Esse é meu lugar de fala, minha trajetória, o meu trabalho se fundindo com o meu dia a dia, as minhas dores com as dores do mundo, transformar tudo isso em amor, transgredir e transpor. A música tem esse poder de conexão, e é isso que busco.
Siga Miguel Arcanjo no Instagram
Curta Miguel Arcanjo no Facebook