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Aguinaldo Silva e Globo decidem futuro de novela com Nazaré

Aguinaldo Silva: – Foto: Renato Rocha Miranda/Divulgação/Globo

Por Miguel Arcanjo Prado

Nesta terça (5), o novelista Aguinaldo Silva está reunido com a cúpula da Globo para decidir o futuro de sua próxima novela das 21h.

Antes mesmo de estrear, o folhetim inicialmente previsto para outubro de 2018 virou uma confusão midiática. Tudo após um ex-aluno do curso de roteiro de Aguinaldo acusá-lo de plágio.

Revoltado com a acusação, que afirma categoricamente ser mentirosa, Aguinaldo escreveu em poucos dias uma nova sinopse para a emissora carioca.

Contudo, nesta entrevista exclusiva ao Blog do Arcanjo do UOL em São Paulo, pouco antes de embarcar para a reunião no Rio, ele diz que a Globo insiste que ele faça a primeira novela apresentada.

O futuro da trama dependerá do que for decidido nesta reunião.

De todo modo, Aguinaldo Silva garante que, independentemente de qual sinopse seja aprovada, uma coisa é certa: a volta da personagem Nazaré Tedesco.

A inesquecível vilã interpretada por Renata Sorrah em “Senhora do Destino”, a novela brasileira de maior sucesso no século 21, é coisa certa no elenco. A atriz, atualmente em cartaz em São Paulo no Sesc Campo Limpo com a peça “Preto”, está reservada para qual trama seja aprovada, ele garante.

Nazaré Tedesco, interpretada por Renata Sorrah, volta na próxima novela de Aguinaldo Silva, garante o autor, independentemente de qual seja – Foto: Reprodução

Pernambucano de Carpina com 74 anos de idade, Aguinaldo se encontrou com este colunista no Teatro Folha, em Higienópolis, na noite desta segunda (4), quando prestigiou a encenação da peça “A Canção de Bernadete”.

Texto seu adaptado por Maciel Silva sob direção de Einat Falbel e assistencia de Felipe Calixto, a produção de Francisco Patrício marcou o fim do semestre de seu curso de atuação na capital paulista.

Aguinaldo sentou-se ao lado de Julio Kadetti, produtor e adaptador de sua peça “Lili Carabina”, e da jornalista Cristina Padiglione, além do novo casal formado por Viviane Araújo e Kainan Ferraz — que ela insistiu à reportagem ser apenas “um amigo”.

Durante o papo, Aguinaldo ainda falou sobre sua mudança do Rio para São Paulo, sobre a escola de artes que abrirá em 2018 no bairro paulistano de Vila Buarque e o futuro de sua peça com Viviane Araújo.

Leia com toda a calma do mundo.

Miguel Arcanjo Prado — Aguinaldo, qual a verdade sobre sua próxima novela?
Aguinaldo Silva — A verdade é que essa história da minha próxima novela virou uma novela com vários capítulos. Novela alimentada pelo que chamo de baixa mídia. O que é a baixa mídia para mim? É bom que fique bem claro: são esses pequenos sites que vivem de cliques e para isso precisam sempre de dar notícias negativas, porque notícia positiva não dá clique. Então, dão notícias negativas mesmo que não seja verdadeira. Eu elogiei duas vezes a novela da Gloria Perez, da qual gostei muito [“A Força do Querer”] e saiu nesses sites que eu estava alfinetando a Gloria Perez. Ou seja, esses caras não se preocupam mais com a verdade. Quanto à novela, eu posso dizer a você que no auge da crise provocada pela mídia e por esse aluno que me acusava de plágio – eu não posso plagiar uma obra que é minha, da qual eu sou o principal autor –, no auge da crise, falei para a Globo: “não quero fazer mais essa novela, vou fazer outra”. E fiz outra e apresentei à Globo. Mas a Globo nunca desistiu da primeira novela. Eles sempre acharam que eu tenho de fazer a primeira novela. Então, estou nesse impasse agora. Eu posso fazer a segunda, mas a emissora prefere que faça a primeira. Tenho de decidir isso. Nesta terça [5/12] vamos ter uma reunião na Globo, e provavelmente vamos tomar uma decisão sobre isso. Se é a primeira ou a segunda novela ou se seria uma terceira. Porque eu sou capaz de fazer quantas eu quiser, coisa que o tal aluno não consegue, porque ele não sabe escrever. Ele sabe fazer confusão, mas escrever, não sabe. Foi o pior aluno que tive na vida!

Miguel Arcanjo Prado —E volta Nazaré Tedesco, independentemente de qual novela seja?
Aguinaldo Silva — Pois é. Na primeira novela, a Nazaré voltava, eu estava já escrevendo cenas, porque tenho 25 capítulos escritos. Então, já estava escrevendo cenas para a Nazaré. Na segunda novela, a Nazaré também volta. Ou seja, seja qual for a novela, a Nazaré volta com Renata Sorrah, porque não tem como ser com outra atriz. Ela está reservada!

Da direita para a esquerda: Aguinaldo Silva, Cristina Padiglione, Viviane Araújo e Kainan Ferraz, seu novo namorado – Foto: Débora Carvalho/Divulgação

Miguel Arcanjo Prado — Vai manter o realismo fantástico?
Aguinaldo Silva — Vou. Oficialmente, essa novela que vai ou não vai, não digo o nome enquanto não se defina alguma coisa, se passa numa cidade chamada Delfim Moreira, em Minas, divisa com São Paulo, naquela região montanhosa. Mas é uma daquelas cidades que fazem parte do meu universo ficcional, tanto que é vizinha de Greenville [cidade ficcítica de “A Indomada”] e Tubiacanga [cidade fictícia de “Fera Ferida”]. Essas novelas realistas, sem querer criticar meus colegas — o que pega mal —, acho que as novelas realistas tenham de se alternar [com tramas de realismo fantástico]. Então, é bom que venha alguém de vez em quando e quebre esse realismo.

Miguel Arcanjo Prado — Você veio para o teatro paulistano com “Lili Carabina”, um texto carioquíssimo com Viviane Araújo. Qual o futuro da peça?
Aguinaldo Silva — Tivemos de parar a peça agora no fim de novembro porque a Viviane tem outros compromissos. Mas a peça volta depois do Carnaval para fazer interior de São Paulo e outras capitais do Brasil. Adorei trabalhar com a Viviane. Então, está tudo ótimo!

Maciel Silva, Viviane Araújo, Aguinaldo Silva, Einat Falbel, Julio Kadetti, Kainan Ferraz e Simone Zucato na apresentação da peça de Aguinaldo Silva no Teatro Folha – Foto: Débora Carvalho/Divulgação

Miguel Arcanjo Prado — Eu vejo você declarar o amor por São Paulo o tempo todo. Você virou paulistano definitivamente?
Aguinaldo Silva — Sim. Engraçado, porque morei no Rio desde 1964. E o Rio começou a me cansar um pouco, primeiro pelo excesso de descontração das pessoas e pelo excesso de violência. Eu moro em Copacabana. Para sair de casa, preciso me vestir de mendigo. E mesmo vestido de mendigo, a gente acaba sendo assaltado. Eu já fui assaltado três vezes em Copacabana. Aí resolvi me mudar para São Paulo. Escolhi Higienópolis, que é um bairro super tranquilo, muito bem policiado, ainda bem. É um lugar onde a gente tem a sensação de estar em um Brasil diferente. Mais sério, mais compenetrado. Eu gosto da formalidade de São Paulo, isso para mim é a maior qualidade de São Paulo, além do fato que todo mundo sabe que tem de trabalhar. Ninguém fica na praia esperando que caiam benesses do céu.

Miguel Arcanjo Prado — E a sua escola de artes em São Paulo, quando será inaugurada?
Aguinaldo Silva — Na verdade, tínhamos um projeto muito mais ambicioso, iríamos fazer uma casa de arte de três andares. O prédio não é tombado e não havia problema nenhum. Mas, quando entramos com o pedido de autorização de obra na Prefeitura [de São Paulo], ela não soube nos dizer se pode ou não pode. Eles falam assim: “nós não sabemos se você pode fazer ou não a obra”. Pode? Aí, depois de seis meses, resolvi desistir do projeto ambicioso e usar a casa como ela está. Vamos abrir a casa em março, quando começam os cursos e teremos um teatro lá. Vamos sair do Teatro Folha e funcionar no nosso próprio local. O endereço, pode anotar aí: é rua Major Sertório, 476. É um lugar ótimo!

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