O ator Sidney Santiago Kuanza, que já esteve em novelas como “Caminho das Índias” e a “Escrava Mãe”, pode ser visto de graça nas ruas de São Paulo nos próximos dias.
Ele encena ao ar livre a peça “Negror”. Segundo ele, a montagem “denuncia o genocídio da população negra no Brasil”, fazendo referência ao grande número de assassinato de jovens negros nas periferias do Brasil, sobretudo vítimas de violência policial.
O ator cita o Atlas da Violência divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2017, que revelou que a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Sendo que homens, jovens, negros e de baixa escolaridade são as principais vítimas. A pesquisa foi desenvolvida entre os anos de 2005 e 2015.
“Nós precisamos acreditar nos Direitos Humanos e em uma cultura de paz. As mortes e a violência não são uma solução. Temos hoje a polícia que mais mata e que mais é morta na história. Isso significa que essa tecnologia da barbárie não funciona”, afirma Sidney.
Segundo o ator e ativista, o projeto surge como uma forma de radicalização de trabalhar a performance na rua. “O foco está em ir para a rua com uma encenação potente, que possa tocar as pessoas e transformar o cotidiano com pautas importantes, como o genocídio da juventude negra brasileira, uma problemática que está inserida num contexto de Estado onde não houve reparação do período de escravidão”, fala.
O espetáculo itinerante conta ainda com roda de conversa com o público após cada apresentação.
O projeto já passou por Diadema, Ribeirão Pires, Santos e Guarujá e ainda tem apresentações previstas para Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, São Miguel Paulista, Capão Redondo, Itaquera, Largo do 13, Cachoeirinha e Taipas até 7 de fevereiro de 2018.
Mães de Maio
“O espetáculo é uma homenagem à Associação das Mães de Maio”, lembra Sidney, fazendo referência ao grupo de mães paulistanas que tiveram seus filhos assassinados por policiais em 2006 e que seguem lutando por Justiça.
“Chegou o momento de irmos para rua, estamos num momento crítico da sociedade brasileira onde temos que proporcionar e friccionar o tempo, proporcionar encontros inesperados”, discursa o artista.
E prossegue: “Por esta razão vamos com este projeto para pontos de ônibus, terminais de ônibus e praças públicas. A ideia é atingir o maior número de pessoas e poder comunicar esta problemática, que é brasileira”, diz Sidney ao Blog do Arcanjo do UOL.
A montagem é feita pelo Selo Homens de Cor, agrupamento artístico focado em temáticas negras.
Além de Sidney, participam também da performance “Negror” os artistas Pedrão Guimarães, Vítor Bassi e Larissa Nunes. Também colaboram com o espetáculo Pedro Jackson, Frederico Azevedo, Adriano José, Rodrigo Kenan e José Nabor Jr.
Veja onde serão as próximas apresentações:
25 de janeiro, quinta-feira
13h – Itaquaquecetuba (Estação de Trem, Av Presidente Tancredo Neves)
17h – Mogi das Cruzes – Praça Monsenhor Roque Pinto de Barros, 360. Em frente ao Centro Cultural Mogi das Cruzes, Centro da cidade
31 de janeiro, quarta-feira
13h – São Miguel Paulista – Praça Aleixo Mafra (Praça do Forró)
17h – Itaquera – Rua Gregório Ramalho (Frente Biblioteca Sergio Buarque de Hollanda)
1º de fevereiro, quinta-feira
13h – Capão Redondo (Estação Metrô) – próximo avenida
Carlos Caldeira Filho.
17h – Largo 13 – Rua Paulo Eiró (Calçadão)
07 de fevereiro, quarta-feira
13h – Cachoeirinha – Praça Manoel da Costa Negreiros (Largo do Japonês)
17h – Taipas – Estação de Trem Jaraguá (Estrada de Taipas)
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