Por Miguel Arcanjo Prado
Enviado especial a Tiradentes (MG)*
Após nove dias e 102 filmes exibidos com a nova safra do cinema brasileiro, chega ao fim neste sábado (27), a 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais. O evento inaugura o calendário anual da sétima arte no Brasil.
Raquel Hallak, da Universo Produção, responsável pelo mais charmoso festival cinematográfico do país, diz ao Blog do Arcanjo do UOL que “a sensação é de missão cumprida”.
Afinal, cerca de 35 mil pessoas participaram das atividades, número cinco vezes maior que a população de Tiradentes, atualmente em 7.000 habitantes.
Se o festival celebrou sua maioridade homenageando nesta edição o ator Babu Santana, a festa também aconteceu em cada esquina da cidade barroca, que completou 300 anos durante o evento.
“Hoje é impossível falar de Tiradentes e não falar de cinema. A Mostra surgiu para ser o evento comemorativo do aniversário da cidade, no começo ainda regional, inaugurando o Centro Cultural Yves Alvas [onde até hoje funciona o QG do festival], na época do começo das leis de incentivo à cultura. Depois da Mostra de Cinema de Tiradentes, a cidade foi projetada nacionalmente e internacionalmente. Hoje, Tiradentes é uma cidade de eventos, com vários outros festivais”, lembra Hallak.
Para a produtora cultural, a longevidade da Mostra é fruto do que chama de “coerência conceitual”.
“Tiradentes é um espaço de encontro do cinema, de debates, onde podemos falar sobre os filmes, estar atentos a novas linguagens e também com quem está começando”, aponta.
“Não deixaremos Tiradentes se perder. Tanto que, quando sentimos necessidade de outras discussões, criamos em 2006 a CineOP, em Ouro Preto, e em 2007 a CineBH, em Belo Horizonte, para manter a coerência e o foco de Tiradentes: de ser este grande aliado do cinema brasileiro. Um lugar de exibição, de encontro, de debates e de formação e fomento à nossa indústria cinematográfica. A Mostra de Cinema de Tiradentes é um evento que as pessoas se sentem pertencentes a ele”, afirma.
Raquel ressalta que quase cem profissionais do cinema brasileiro e da imprensa foram convidados para acompanhar o evento, que contou com 34 debates.
“O cinema em Tiradentes gera uma reflexão sobre as questões sociais, políticas e de representatividade”, diz, reforçando o tema deste ano: “Chamado Realista”.
“É um chamado para a vida, afinal 2018 é um ano de eleições e temos de ficar cada vez mais atentos”, pondera.
Cinema maduro
“Ano passado em Tiradentes o foco foi a mulher no cinema. Em Ouro Preto, discutimos a questão do negro e do indígena. Em Belo Horizonte, foi a vez do cinema de urgência. Então, chegamos a 2018 com uma maturidade nas discussões, inclusive vemos essa maturidade nos próprios filmes, saímos da política tradicional para falarmos de questões políticas de representatividades das ditas minorias como um todo”, diz.
“Este é um momento de amadurecimento de questões que foram colocadas e que ganharam as ruas em 2017. Abrimos 2018 com um cinema brasileiro amadurecido”, conclui Raquel Hallak.
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes.
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