Dedé é palhaço em peça dirigida por Alexandre Borges
Aos 81 anos, Dedé Santana vive um grande desafio na carreira. Desta vez não na televisão, no cinema ou no circo, mas, sim, no teatro.
Ao lado do ator Fioravante Almeida, ele protagoniza a peça “Palhaços”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília até 10 de fevereiro e que chega ao CCBB de São Paulo em março.
A obra escrita em 1974 pelo dramaturgo paulista Timochenko Wehbi é um dos textos clássicos do teatro brasileiro, revelando a fragilidade do artista cuja profissão é despertar o riso alheio.
Dedé e Fioravante são dirigidos por Alexandre Borges, também responsável pela adaptação do texto.
Acostumado ao circo e aos estúdios de cinema e TV, Dedé vive algo inédito: estar em uma peça de teatro clássica, com circulação prevista pelas principais capitais brasileiras.
Contudo, a plateia mais exigente do teatro não lhe assusta.
“Fui nascido e criado em picadeiro de circo”, diz Dedé Santana, lembrando que já era palhaço já aos sete anos de idade e que sabe lidar muto bem com qualquer tipo de público.
Mesmo com a farta experiência, revela que é difícil fazer o espetáculo.
“Exige muito da interpretação. Tem horas que sou o palhaço, tem horas que não. E tem não só o humor, como um drama pesado também”, adianta o ex-trapalhão, revelando que as nuances da personagem exigem muito dele.
Dedé topou de cara
Alexandre Borges conta ao Blog do Arcanjo do UOL que a ideia da montagem foi de Fioravante Almeida, ator que passou pelo Teat(r)o Oficina de José Celso Martinez Corrêa, onde esteve na icônica peça “Os Sertões”, e a quem dirigiu recentemente na montagem de sucesso “Muro de Arrimo”.
“Fioravante é um ator batalhador, que corre atrás dos seus sonhos. Ele é o exemplo da realidade do ator brasileiro, que se supera em cena a cada projeto, como este de ‘Palhaços’, que ele idealizou”, conta.
“Logo que o projeto foi aprovado no CCBB, nós convidamos o Dedé, e ele logo topou, nos dando um retorno positivo e empolgado”, lembra Alexandre Borges.
“Foi surpreendente para nós vê-lo com tanta vontade de estar em cena e de fazer teatro. Foi uma felicidade imensa”, diz.
Um palhaço popular e cheio de energia
Na visão do diretor, Dedé Santana confere à peça novas características. Afinal, é artista popular, cujo rosto faz parte da memória afetiva de milhões de brasileiros de várias gerações que o viram ao lado de Didi, Mussum e Zacarias no programa “Os Trapalhões”.
O diretor revela ficar impressionado com Dedé em cena. “Dedé é um ícone que fez parte da minha infância e adolescência. Poder dirigi-lo é um privilégio. A performance dele é muito completa, ele é um atleta: canta, dança, sapateia, faz malabarismo, mágica. Dedé nasceu no circo e é o embaixador do circo no brasil. A peça não tem como fugir de um lado dramático mais pesado, que ele segura muito bem também. Está excelente”, elogia.
“Esse encontro do texto clássico com um artista tão popular quanto o Dedé traz uma profundidade à peça, repleta de leveza e humor. Mas o espetáculo também é um drama que questiona essa vida do artista, com todos os sacrifícios que ela exige. Dedé traz uma uma empatia muito grande com o público. Em Brasília, as pessoas estão se divertindo muito, e creio que em São Paulo o sucesso se repetirá”, aposta Alexandre Borges.
“Ver o Dedé em cena no teatro aos 81 anos é uma lição e um incentivo para todos nós. Essa disposição, essa entrega, fruto de muito amor pelo que se faz, é muito bonito de ver. Teatro realmente é um lugar rejuvenescedor”, conclui.
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