Vamos reinar o ano todo, avisa Corte Momesca de BH
Por Miguel Arcanjo Prado, em Belo Horizonte
Um trio coroado tomou gosto pelo poder e nem se deu conta da Quarta-feira de Cinzas. Trata-se da Corte Momesca do Carnaval de Belo Horizonte, composta por Rainha, Princesa e Rei Momo.
Juntos, animaram a folia em blocos, palcos e no desfile de blocos caricatos e escolas de samba da capital mineira. Belo Horizonte fez em 2018 o maior Carnaval de sua história com 3,6 milhões de foliões.
Rainha do Carnaval
Malu Agatão, rainha do Carnaval de BH pela primeira vez aos 20 anos, curtiu ser soberana na folia. Tanto que se recusa a aceitar o fim da festa.
“A vontade de ser rainha do Carnaval para sempre é grande. Vou ser rainha o ano inteiro. Então, me deixe aproveitar”, pede ao jornalista.
Com 65 quilos distribuídos em 1,65 de altura, ela define sua função na festa junto de seus colegas.
“A Corte Momesca é o símbolo da folia, somos os guardiões do Carnaval. Animamos as festas nos palcos nas regionais e fazemos também um trabalho social e humanitário”, explica, compenetrada.
Ela diz que tudo é muito gratificante, “apesar de ser cansativo” também. “Somos muito bem recebidos em todos os lugares. Mas tem de ficar no salto o tempo todo!”, lembra.
Conscientizada, a rainha levanta questões sociais na festa: “É importante um Carnaval que respeite a comunidade LGBT, a população negra e as mulheres. Carnaval sem machismo, sem assédio, sem racismo e sem homofobia, por favor. Gente, esse negócio de assédio já deu, né? Não é não!”, brada.
Princesa do Carnaval
Já a Princesa do Carnaval de BH, Andréia de Oliveira Marques, tem 27 anos, 1,67 metro e 60 quilos. Ela comemora algo simbólico para ela e também 52% da população de BH: o fato de o Carnaval de BH ter uma princesa negra.
Empoderada com suas trança afro, ela diz: “É uma representatividade importante, um orgulho imenso. Estou com o cabelo trançado e quando escuto um bloco afro, o pezinho dá uma coçada a mais”, revela, com um cativante sorriso.
Para ela, uma princesa da folia precisa ter “a simpatia e o respeito com todos, que não difere de cor, raça, profissão, nada”.
“Carnaval é alegria, sorriso, estar com a família e se jogar literalmente na festa com consciêncuia e sem preconceito. Aliás, pra que preconceito?”, questiona Andreia.
Rei Momo
Tony Coxinha desfruta o título de Rei Momo pela primeira vez. Ele diz que conseguiu ser eleito por “ter simpatia, samba no pé, muito carisma e Deus lá em cima”.
Ele conta que os últimos dias foram de trabalho intenso: “Representei o Carnaval de Belo Horizonte nos quatro cantos da cidade”.
“Quero mostrar que a cidade está aberta à população, para um Carnaval saudável e com segurança para todos, crianças, adultos e idosos”, discursa.
Tony tinha o sonho de ser rei do Carnaval desde que desfilava na escola de samba mineira Cidade Jardim: “Agora sou rei”, celebra.
Ele ainda precisa lidar com o fato de as pessoas se surpreendem ao ver um rei Momo magro.
“Hoje tenho 45 anos, 1,78 de altura e 80 quilos. Não é mais preciso ser gordo para ser rei Momo. Agora, o certo é cuidar da saúde”, anuncia.
E revela que, assim como suas colegas, não está com disposição de entregar o cetro tão cedo.
“Meu reinado não acabou na Quarta-feira de Cinzas. Serei rei o ano todo. Só entrego o título em dezembro, quando haverá um outro concurso. E isso se não ganhar de novo. Até lá esse título é meu!”, decreta, praticamente um soberano absolutista da folia mineira.
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