Briga de Silvio Santos com Zé Celso vai parar na peça O Rei da Vela
A nova temporada da peça “O Rei da Vela”, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, traz referência à polêmica que vem abalando o mundo do teatro e da TV nos últimos tempos.
Atualizado, o texto do espetáculo, originalmente escrito por Oswald de Andrade (1890-1954), agora traz referências explícitas à briga entre Silvio Santos e Zé Celso pelo terreno no entorno do Teat(r)o Oficina, no bairro do Bixiga, região central paulistana.
A peça dirigida por Zé Celso ainda faz referências aos políticos João Doria e Geraldo Alckmin, do PSDB, e Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do PT.
A obra traz um panorama da formação da elite brasileira, na obra ferrenha defensora de interesses estrangeiros, sobretudo norte-americanos, fazendo um diálogo profundo com o passado e o presente do Brasil, como é típico das peças do Oficina.
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Terreno da discórdia
O terreno da discórdia pertence a Silvio Santos, que deseja construir torres residenciais no local.
Já Zé Celso e os artistas do Oficina sonham em transformar o terreno de Silvio em um parque público. E até propuseram que Silvio doasse o lote à população de São Paulo, dando ao parque seu nome, o que o apresentador não quis.
A briga pelo terreno já dura mais de três décadas e até inspirou a série infantil “Castelo Rá-Tim-Bum”, de Flávio de Souza e Cao Hamburger, na qual o vilão Doutor Abobrinha (Pascoal da Conceição, que foi ator do Oficina) quer destruir o castelo (referência ao Oficina) para construir prédios.
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o atual, João Doria (PSDB), tentaram intermediar uma negociação entre Silvio Santos e Zé Celso.
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Contudo, eles não chegam a um acordo. Silvio diz que a propriedade é dele e faz com ela o que bem entender.
Já Zé Celso protesta, dizendo que as torres tampariam a vista para a cidade do janelão do Oficina na arquitetura de Lina Bo Bardi e Edson Elito.
Tombado, o Oficina foi eleito o mais belo teatro do mundo pelo jornal britânico The Guardian.
Zé Celso diz que tanto o tombamento quanto a eleição pelo diário inglês se deu também por conta da janela com vista livre sobre o Bixiga, alegando que as torres de Silvio “encaixotariam” o seu teatro.
Novo Rei da Vela
Com Renato Borghi substituído por Marcelo Drummond no papel-título, a peça “O Rei da Vela” pode ser vista no Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista), em São Paulo até este domingo (25).
As sessões são quinta e sexta, 19h30, sábado e domingo, 18h, com ingresso de R$ 30 a R$ 60.
O elenco ainda traz Sylvia Prado, Camila Mota, Tulio Starling, Cristina Mutarelli, Ricardo Bittencourt, Vera Barreto Leite, Roderick Himeros, Joana Medeiros, Danielle Rosa, Tony Reis e Fred Steffen, além do próprio Zé Celso.
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A peça foi montada originalmente pelo Oficina em 1967, sendo marco teatral do movimento tropicalista.
Em 2017, foi remontada no Sesc Pinheiros para celebrar seu cinquentenário, levando em 2017 o Grande Prêmio da Crítica da APCA e o Prêmio APCA de Melhor Ator para Renato Borghi.
Depois que terminar a nova temporada de “O Rei da Vela”, Zé Celso promete remontar “Roda Viva”, de Chico Buarque, que já autorizou a nova encenação celebrando os 50 anos da peça histórica de 1968.
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