Isabél Zuaa: É necessário quebrar estereótipos de 500 anos

A atriz portuguesa Isabél Zuaa: cada vez mais presente no Brasil – Foto: Kristin Bethge/Divulgação

Atriz portuguesa com pais vindos da Guiné-Bissau e Angola, Isabél Zuaa está cada vez mais presente na TV, teatro e cinema do Brasil. Casada com o fotógrafo brasileiro Felipe Drehmer, recentemente ela esteve no filme “Joaquim”, na série “Sob Pressão” e no espetáculo “Selvageria”. A artista conversou com exclusividade com o Blog do Arcanjo no UOL sobre este momento de tantos trabalhos por aqui. Leia com toda a calma do mundo.

Miguel Arcanjo Prado — O que você acha das conquistas da comunidade negra nas artes nos últimos tempos? O que ainda é preciso avançar?
Isabél Zuaa — Sinto bastante diferença desde 2010 para hoje, onde existem com mais frequência evento públicos e privados, acadêmicos e artísticos, políticos e sociais que falam e discutem sobre a situação do negro no Brasil. Fico feliz por identificar conquistas e modificações nos padrões de beleza, pois o mundo está a mudar, e o Brasil ao seu jeito acompanha essa mudança. O importante é perceber as lacunas de cada lugar, de cada setor e trabalhá-las. Para podermos avançar cada vez mais, é necessário quebrar estereótipos e convenções que estão estabelecidas há mais de 500 anos… A diversidade cultural tem de ser vista como o ponto forte da cultura brasileira.

Miguel Arcanjo Prado — Você é mais portuguesa, africana ou brasileira?
Isabél Zuaa — É uma pergunta curiosa, pois na verdade acho que tenho um pouco de cada uma destas culturas: a minha educação de base tem origem na Guine-Bissau e Angola (terra dos meus pais), nasci e cresci em Lisboa e passei para fase adulta em território brasileiro, ou seja, de maneiras muito diferentes, estas culturas reverberam em mim de forma muito presente… Elas me complementam e se complementam.

A atriz Isabél Zuaa – Foto: Kristin Bethge/Divulgação

Miguel Arcanjo Prado — Quais projetos você já fez no Brasil?
Isabél Zuaa — Comecei trabalhando profissionalmente no Brasil com o coreógrafo e bailarino Gustavo Ciríaco em 2010 e continuei participando das suas criações até 2015. Ainda na dança, colaborei com Denise Stuz e Felipe Ribeiro. No cinema, participei no filme “Aquilo que Sobra”, de Humberto Giancristofaro; “Capoeira, um Passo a Dois”, de Jorge Itapuã; “Kbela”, de Yamin thayná; “Joaquim”, de Marcelo Gomes; e os mais recentes “Nó do Diabo”, de Ramon Porto Mota, e “As Boas Maneiras”, de Juliana Rojas e Marco Dutra. Na TV, recentemente participei da série “Rarefeito”, de Marçal do Carmo e Nando Sturmer, e “Som e o Tempo -Saudade”, de Larissa Figueiredo e Rafael Urban.

Miguel Arcanjo Prado — Quais projetos virão?
Isabél Zuaa — Depois de fazer parte do elenco lindo de “Selvageria”, de Felipe Hirsch, ainda estou com o futuro em aberto… Alguns projetos aliciantes e desafiadores, mas neste momento tudo em aberto.

Miguel Arcanjo Prado — Você pensa em morar definitivamente no Brasil?
Isabél Zuaa — Eu vivi no Rio de Janeiro durante aproximadamente sete anos. Aos poucos, fui me aproximando de outras cidades, criando parcerias e trabalhando e a cidade de São Paulo me conquistou bastante, agora fico dividida entre Rio e São Paulo. Gosto bastante do Brasil, ele tem sido muito generoso comigo e tenho conhecido pessoas maravilhosas e inspiradoras por onde tenho passado. Neste momento, estou há um ano de volta a Lisboa e pretendendo estreitar cada vez a ponte aérea entre essas cidades pois o meu núcleo familiar está em Portugal. Mas a ideia de nômade me agrada muito.

Isabél Zuaa: cada vez mais presente no teatro, cinema e TV do Brasil – Foto: Kristin Bethge/Divulgação

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