Crescer pode ser incrível, diz protagonista de Peter Pan, O Musical
Mateus Ribeiro vive o que chama de “maior desafio da carreira”. Entre voos, canto, dança e interpretação, o ator catarinense radicado em São Paulo dá vida ao menino que não quer crescer em “Peter Pan, O Musical”, em cartaz no Teatro Alfa, em São Paulo, onde faz sessão VIP nesta quarta (14). O ator diz que seu sonho era interpretar o menino da Terra do Nunca. O preparo foi tão grande que venceu 4.000 candidatos nas audições. Mas, ao contrário do personagem, não liga ao ver o tempo passar. “Crescer pode ser incrível”, diz. O ator conversou com exclusividade com o Blog do Arcanjo no UOL sobre este importante momento. Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado — Como é ser protagonista de um grande musical pela primeira vez?
Mateus Ribeiro — Eu estou muito feliz em ter conquistado esse personagem, tanto pelo que ele se tornou pessoalmente pra mim, como pelo que ele representa na minha trajetória no mercado de teatro musical. Ao mesmo tempo que é algo incrível, é uma responsabilidade muito grande, e estou encarando como tal.
Miguel Arcanjo Prado — Encara Peter Pan como o maior desafio de sua carreira até o momento?
Mateus Ribeiro — Sem dúvida esse é o maior desafio da minha carreira! Fazer teatro musical já é muito complexo, por juntar interpretação, dança e canto, e nesse espetáculo em específico ainda temos a questão do voo, que implica inclusive em fazer o espetáculo inteiro com o equipamento no corpo, o que acaba dificultando mais ainda. Como a Claudia Raia diz: “musical é a arte dos três cérebros”, nesse espetáculo é dos quatro por conta do voo e de todas as questões técnicas! [risos] Tenho focado completamente no Peter, parei minha vida nesse momento pra viver de fato essa oportunidade.
Miguel Arcanjo Prado — Peter Pan exige muito fisicamente do ator que o faz. Como se prepara?
Mateus Ribeiro — Eu comecei a me preparar antes mesmo dos testes. Faço aulas de dança já ha muitos anos e para o teste comecei a fazer aulas de ginastica olímpica. Durante um bom tempo acordava às 5:30 da manhã para a aula que acontecia das 7h às 9h, pois eu estava ensaiando o musical “2 Filhos de Francisco” de tarde, onde fazia cover do personagem Zezé Di Camargo, e então esse era o único horário possível. Era bem cansativo, mas minha motivação era maior. Fora isso, me preparei de outras formas, não só fisicamente, mas também assistindo a todos os vídeos das montagens do espetáculo pelo mundo e aprendendo todas as músicas. Depois que passei, li o livro, vi vários filmes e comecei a pesquisar mais sobre a origem do papel e as referências do autor para escrever essa historia. Atualmente, faço acompanhamento com fono, professor de canto e otorrino, além de cuidar da alimentação e tentar sempre dormir oito horas por noite.
Miguel Arcanjo Prado — O que você tem que o fez vencer 4.000 candidatos ao posto de protagonista de “Peter Pan, O Musical”?
Mateus Ribeiro — Acho que nesse caso foi uma junção de coisas. Eu tinha o perfil, pois sem barba aparento ser bem mais novo do que sou. Também acredito que eu tenha uma energia que o personagem exige, além de já ter a confiança dos diretores. O José Possi Neto, diretor do musical, foi quem dirigiu o primeiro musical profissional que fiz, quando tinha 17 anos, e o Alonso Barros, coreógrafo, além de também ter feito parte desse meu primeiro musical profissional, nós já trabalhamos juntos em outras quatro produções. Eles acompanharam meu crescimento artístico e, fora isso, eu ainda vinha estudando muito para esse papel, acredito que cheguei o mais preparado que eu podia. Sabia todas as músicas, subtextos, tinha a construção do personagem já no caminho.. Inclusive apresentei um número na audição, que não havia sido pedido, sem nem avisar pra banca. Preparei e fiz! Acredito que isso os surpreendeu e mostrou o quanto eu vinha me preparando.
Miguel Arcanjo Prado — Peter na Broadway foi interpretado por mulher. O que achou de no Brasil ser um ator homem?
Mateus Ribeiro — Ah, eu amei, né? [risos] Acredito que tudo tenha um motivo pra acontecer e que esse papel era pra mim. Ano passado fiquei na final duas vezes para protagonista de outras grandes produções e nas duas não rolou, mas se eu pudesse escolher, queria que fosse tudo exatamente como foi. Sem contar que acho o fato de ser uma mulher nesse papel bem arriscado. Tem atrizes na Broadway que fizeram super bem, e outras que para mim chega até ser difícil de assistir. Os tempos mudaram desde que J. M. Barrie fez essa escolha pela primeira vez. Na época, fazia completo sentido e acabou virando uma tradição por lá. Que bom que resolveram mudar por aqui! [risos].
Miguel Arcanjo Prado — Você já teve vontade de ser um Peter Pan e nunca ter crescido? Por quê?
Mateus Ribeiro — Olha, eu gosto muito de ter crescido. Acho a infância linda, porém parte dela já pode começar a ser complicada, pois as crianças passam a reproduzir coisas que os adultos falam/fazem e o que a sociedade acaba impondo. Quando comecei a virar mais velho, que inclusive fui emancipado e vim morar em SP, batia um pouco o desespero por contas das novas responsabilidades e às vezes acabava vindo aquela vontade de voltar pra quando tudo era mais fácil, onde o mundo era mais simples, bonito e que os pais estavam sempre do lado pra ajudar. Hoje, vejo que tudo isso faz parte do amadurecimento, que é importante passar por isso, e que crescer pode ser incrível.
Miguel Arcanjo Prado — Por que você escolheu atuar no ramo dos musicais? O que este tipo de teatro tem que te move?
Mateus Ribeiro — Eu sempre amei interpretação. Comecei a estudar aos 10 anos, em Fortaleza (cidade natal dos meus pais), e não fazia ideia que existiam musicais, demorei pra conhecer o gênero. Fui morar em Brasília anos depois e acabei fazendo e passando em um teste pra ETMB- Escola de Teatro Musical de Brasília. Entrei, mesmo na época tendo um certo preconceito exatamente por não saber muito do que se tratava, mas então conheci e me apaixonei. Achei incrível a possibilidade de juntar essas três artes tão lindas e complexas. Também foi o musical que me fez ver que era sim possível viver sendo ator, pois até então eu não tinha referencias próximas de mim de pessoas que de fato sobrevivam apenas atuando. Sou muito apaixonado e grato a esse gênero, pois mudou minha vida em vários sentidos e me trouxe pra São Paulo. Meu amor sempre foi e continua sendo a atuação, então onde eu puder interpretar vou ser feliz, seja no teatro convencional, em musicais, audiovisual.. A busca é nunca parar e crescer sempre artisticamente.
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