Bailarinos nus dançam espetáculo grátis em SP: [H3O]mens
A obra da Cia. 4 pra Nada, surgida em 2010 em Ribeirão Preto, interior paulista, traz os atores e bailarinos André D.O., Rafael Bougleux e Rafael Ravi completamente despidos em cena.
Dançam coreografia de Morena Nascimento, bailarina que já integrou a Wuppertal Tanztheater da lendária coreógrafa alemã Pina Bausch, além também de coreografias criadas por Andreia Yonashiro e Maristela Estrela.
O diretor Carlos Canhameiro, da Cia. Les Commediens Tropicales, afirma que faz uma “investigação particular do que é ser homem, do homem diante de outro homem, e dançando para outro homem”, no que chama de mistura de teatro, performance e música.
“A questão dos bailarinos dançarem nus foi para nós, no início do trabalho, uma possibilidade de explorar o corpo masculino. Ele despido de qualquer outro tipo de performação de roupa ou acessório que gerasse uma leitura sobre o que é o masculino”, explica.
“Para nós, a nudez no espetáculo, que é uma experiência de corpos masculinos biológicos se encontrando, se dá para que esse encontro seja sem nenhum tipo de interferência. Para encontrar o que desejávamos, esses corpos precisavam estar nus, como eles são. A dança surge do encontro de um homem com outro homem nu”, diz ao Blog do Arcanjo no UOL.
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Sensação prazerosa de estar nu
Os três atores bailarinos dizem estar tranquilos com a exposição de seus corpos em cena. “Dançar nu para mim é comum”, diz André D.O.. “Sempre estive rodeado nos meus movimentos artísticos da nudez como discussão artística e efeito estético”, complementa.
“Dançar nu me traz a sensação de autoprazer em experimentar meu corpo em movimento sem restrições de qualquer vestimenta e de aceitação do meu corpo como ele é”, afirma Rafael Bougleux.
Já Rafael Ravi lembra: “Não é a primeira peça que faço nu, estou tranquilo em relação a isso. Na maioria das vezes nem me lembro que estou sem roupa. Tem tantas questões da produção da cena que temos de ficar atentos que até me esqueço que estou pelado. Quando me lembro, é um prazer de estar expondo a máquina humana, tem um lance de curtir isso”.
O espetáculo estreou em 2015 em Ribeirão Preto e, antes de ser apresentado em São Paulo, passou também por Leme, Descalvado, Campinas, São Carlos, Sertãozinho, Sorocaba, Jundiaí e Araraquara.As três coreógrafas convidadas desenvolveram o trabalho a partir de uma provocação feita pelo grupo: “o que sou quando um homem está sobre mim e o que sinto quando vejo um homem”.
A equipe ainda lembra que tal investigação ainda vem de mudanças nos tempos atuais: “os papéis masculino e feminino estão sofrendo transformações aceleradas e em meio à turbulência, é preciso que se busque o nexo do gênero”.
“Desejamos que o encontro dos homens em cena, com as interferências das coreógrafas, seja suficiente para uma comunhão do tema almejado entre bailarinos e público”, afirma Canhameiro.
Com 75 minutos, o espetáculo é recomendado para maiores de 18 anos. As sessões são de 8 a 10 de junho, sexta-feira e sábado às 21 horas e domingo às 19 horas, no Teatro Cacilda Becker (r. Tito, 295, Lapa), e dia 11 de junho, segunda-feira, às 20 horas, no Teatro de Contêiner Mungunzá (r. Gusmões, 43, Luz). Os ingressos podem ser retirados nas bilheterias uma hora antes de cada sessão.