Maria Gladys se emocionou na abertura da 13ª CineOP, a Mostra de Cinema de Ouro Preto, em Minas Gerais, nesta quinta (14). Ela é a grande homenageada do evento, no qual recebeu o Troféu Vila Rica por sua brilhante trajetória artística.
A carioca ícone da contracultura foi aplaudida de pé por seus quase 60 anos de carreira com personagens marcantes não só no cinema, como também na TV e no teatro. Sempre brasileiríssimos, como ela enfatizou.
“Olho para o meu currículo, para os trabalhos que eu fiz, e percebo que sou uma atriz muito brasileira. Nunca fiz, nem no teatro, textos de autores estrangeiros. Antes eu não gostava disso, mas hoje entendi a importância de ser o que eu sou”, declarou, emocionando a todos os presentes.
Na plateia, estavam nomes de peso como os cineastas Geraldo Veloso e Neville D’Almeida, de quem ganhou um beijo na boca. Neville a definiu de forma poética e intelectual: “Maria Gladys é a representação de um Brasil inquieto, um Brasil esfomeado, alegre, que quer sempre se manifestar”.
Aos 78 anos e na companhia da filha, Maria fez mistério sobre a sua idade durante o discurso: “Quando perguntam a minha idade, prefiro dizer que eu venho de uma geração. E a minha geração é de tanta gente incrível, de tanta gente inteligente”.
E, orgulhosa do caminho que construiu, enumerou nomes com quem trabalhou de forma intensa. Praticamente uma enciclopédia do cinema brasileiro.
Gente como Julio Bressane, Neville D’Almeida, Rogério Sganzerla, Ruy Guerra, Paulo César Saraceni e Claudio Assis.
Durante a ditadura civil-militar ela precisou ir para o exílio: “Convivi com muita gente de talento, com muitos gênios. Eles sempre foram meus amigos”, contou.
A saída do palco da atriz foi uma grande festa, com a canção “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, de Sérgio Sampaio, ecoando pelo Cine Vila Rica, enquanto a atriz dançava em êxtase.
A festa de abertura do 13º CineOP, sob direção de Chico de Paula e Grazi Medrado, teve trilha ao vivo de Barulhista e participação do cantor Marcelo Veronez.
Com os eixos temáticos “Vanguarda Tropical: O Cinema e as Outras Artes” (História); “Escolas: Memórias do Futuro” (Educação); e “Fronteiras do Patrimônio Audiovisual” (Preservação), o festival tem 134 filmes com exibição gratuita.
Responsável pela Universo Produção, que organiza a CineOP, Raquel Hallak aproveitou a festa para comentar o projeto de revitalização do Cine Vila Rica, previsto para ser realizado numa parceria entre o governo de Minas Gerais, a Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais) e a Universo Produção.
Depois, um show de confraternização reuniu a todos, com direito a apresentações de Cabezas Flutuantes, Karina Buhr e Veronez, que impressionou a todos com sua performance repleta de sensualidade e vigor. O evento ainda tem shows de Felipe Cordeiro nesta sexta (15) e de Tom Zé neste sábado (16).