O cantor pernambucano Johnny Hooker, 31 anos, fez um show repleto de discurso em defesa das minorias no Festival Sarará + Sensacional, neste sábado (18), na esplanada do Mineirão, em Belo Horizonte. “São tempos obscuros, mas ele não vão vencer”, bradou em um dos palcos, sendo bastante aplaudido pelo público mineiro, conforme testemunhou o Blog do Arcanjo no UOL.
Fortemente atacado por haters nos últimos dias após ter apoiado a atriz travesti Renata Carvalho contra a censura à peça dela “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” no último Festival de Inverno de Garanhuns, em Pernambuco, Hooker ainda teve seu show cancelado na Parada Gay de Teresina, do Piauí.
Tudo por conta de pressão política e ameaças de fundamentalistas juntos aos organizadores, que cederam ao apelo dos conservadores justamente em um evento que busca o respeito à comunidade LGBT. “Extremistas não podem vencer”, comentou sobre a censura a seu show.
O cantor chegou a ser ameaçado de morte, com extremistas violentos sugerindo seu assassinato em uma fogueira em praça pública, como nos tempos ignorantes e obscuros da Idade Média.
Na última quarta (15), em entrevista durante o Prêmio da Música Brasileira, no Rio, ele explicou a polêmica por ele ter dito “Jesus é travesti”, em apoio à atriz travesti censurada por fazer uma analogia na obra entre Cristo e as travestis, tão perseguidas em nossa sociedade, lembrando as lições de Cristo de amor ao próximo e não julgamento do outro: “Eu não disse [Jesus] que era [travesti]. Eu disse que é. É diferente. Não falei da figura histórica, e sim do que a figura representa”, afirmou.
No show do Festival Sarará + Sensacional, Hooker ainda pediu a seus fãs que estejam atentos ao voto nas eleições de outubro. “Votem em candidatos que defendam as causas das minorias, as causas LGBTs, das mulheres, dos negros, por favor, por favor. A gente precisa dessa mudança. Estamos enfrentando a beira do abismo agora”, discursou.
O show ainda teve um pedido de namoro entre dois fãs do artista – um dos apaixonados mandou recado para Hooker pelo Twitter, que leu o pedido no palco, ajudando o casal a ficar junto e estabelecendo um clima de romantismo no show.
Após a apresentação em BH, o pernambucano seguiu em um avião para o Rio para sua participação no show do “Criança Esperança”, da Globo.
“Fora, Temer”, “Lula Livre”, integração latina e liberação da maconha
Não foi só Hooker que fez discurso em seu show. O paulistano Criolo, que encerrou a noite de festa no Mineirão, bradou “Lula Livre” e “Fora Temer” no palco. O também paulistano Emicida lembrou as conquistas históricas de pessoas da favela e negras nos últimos anos do Brasil e colocou sua própria trajetória de sucesso como exemplo.
Antes, o Nação Zumbi tocou os acordes do jingle da campanha do petista, fazendo o público cantar em coro: “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”.
Já a cantora chilena Claudia Manzo, que participou do show da banda mineira Pequena Morte, defendeu que imigrantes latino-americanos não sejam chamados de gringos no Brasil, reforçando o reconhecimento da latino-americanidade por parte dos brasileiros também.
Neste clima, a banda de reggae chilena Manu da Banda foi uma das que mais viu seu público crescer ao longo do show, atraindo milhares de pessoas com seu reggae de sonoridade potente e diversa.
Já a banda mineira Graveola, que também atraiu público farto, defendeu a legalização da maconha e de seu cultivo e plantio para consumo individual, antes de tocar “Tempero Segredo”. A música traz o refrão: “Decidi plantar um pé, acho que isso é maturidade”.
Por Miguel Arcanjo Prado
Enviado especial a Belo Horizonte