Após Peter Pan, Mateus Ribeiro vive jovem gay no musical Na Pele
Ele se concentra para a estreia de “Na Pele”, musical off-Broadway que conta a história de amor entre dois meninos em um internato católico, no qual fará par com Diego Montez, que se destacou em “Rent”.
Levar o enredo para o palco é uma forma que o ator encontrou para combater o preconceito com a homossexualidade, cada vez mais vítima do ódio de fundamentalistas no Brasil de hoje.
Isso se reflete na própria produção, que não encontrou patrocinador e só está sendo viabilizada por conta da doação do público por meio de financiamento coletivo.
Ainda em turnê com “Vamp, O Musical”, que emendou com o fim de “Peter Pan, O Musical”, Mateus doa todas suas horas vagas à produção e aos ensaios de “Na Pele”.
“O ‘Na Pele’ é um espetáculo off-Broadway que estreou em Los Angeles, vamos fazer a primeira versão no Brasil, baseada na primeira montagem lá, que foi pop ópera e é a mais famosa de todas, nos anos 1990”, conta o ator em conversa exclusiva com o Blog do Arcanjo no UOL.
“Ao falar desse casal de meninos em um internato católico, o musical aborda o universo da juventude, falando do conflito da aceitação da sexualidade”, diz.
“O Diego Montez fará o Jason, que tem um relacionamento com o Peter, meu personagem. Só que o Jason não quer assumir, quer ficar no lugar confortável porque teme estragar sua vida se sair do armário, então, continua se relacionando com meninas. Isso machuca o Peter, que sofre o conflito por ser mantido escondido”, adianta.
Mateus lembra que a dificuldade da família em aceitar filhos homossexuais também está presente na obra, sobretudo na figura da mãe de seu personagem, interpretada por Gottsha. “Tem um momento que o Peter liga para mãe dele, para se assumir, mas ela não quer escutar o que ele tem para dizer, fica mudando de assunto para não encarar aquela realidade”.
Mateus diz que após o universo infantil de Peter Pan, é um passo importante em sua carreira de ator assumir um personagem dramático tão complexo. “Peter é completamente o oposto de Peter Pan, agora estou em uma temática mais adulta e dramática”, lembra.
“Conhecia esse espetáculo há dez anos, que me foi apresentado por amigos de Brasília. Quando recebi o convite, fiquei muito feliz. É triste que o amor entre dois meninos ainda seja visto como algo polêmico ou que não consiga patrocínio, mas vamos fazer este musical na raça, com a ajuda do público. Estou impressionado com a força das pessoas que estão nos ajudando a levantar esse dinheiro”, celebra.
Estreia no mês das eleições
“Tem muita gente junta dando força, porque sabe que dar esse recado no palco nesse momento tão tenso que o Brasil vive é fundamental”, afirma. E lembra que a montagem vai estrear no mês das temidas eleições. “Vamos estrear em outubro, em São Paulo”, avisa.
“O mundo de hoje é plural, porque o ser humano é plural. Não dá para colocar pessoas em uma caixa. É importante que os jovens vejam essa peça. E que adultos também. É preciso que as pessoas enxerguem a homossexualidade de uma nova forma. Este musical humaniza os gays. Por que vou compactuar com o sofrimento dessas pessoas? Por que vou eleger alguém que persegue esse tipo de gente?”, finaliza.