Mel Lisboa vive papel de Nicole Kidman em “Dogville” no teatro
O filme “Dogville”, do cineasta dinamarquês Lars von Trier, foi um marco estético em Hollywood em 2003 e colocou a carreira de Nicole Kidman em outro patamar.
No longa, a atriz australiana interpreta Grace, uma fugitiva que busca abrigo em uma pequena comunidade norte-americana na década de 1930, que aos poucos vai revelando que não é feita de pessoas tão boas quanto aparentam.
Agora, a personagem é defendida pela atriz Mel Lisboa, que encara o desafio da adaptação teatral de “Dogville” a partir desta sexta (2), no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, Rio.
A obra dirigida por Zé Henrique de Paula cumpre temporada por lá sexta e sábado, 21h, e domingo, 20h, até 16 de dezembro, com ingressos entre R$ 25 (meia) e R$ 100 (inteira).
Depois, a peça aporta em São Paulo, no Teatro Porto Seguro, onde cumprirá temporada de 25 de janeiro a 31 de março.
“Vi o filme na época do lançamento, quando fazia faculdade de cinema, foi muito marcante e fiquei impressionada”, conta Mel, que reforça a engenhosidade com que a obra desconstrói as chamadas “pessoas de bem”, descortinando a hipocrisia e maldade das mesmas.
Além de Mel Lisboa, que atualmente está cursando letras na PUC-SP, a obra ainda tem no elenco Fábio Assunção, além de Eric Lenate, Bianca Byington, Marcelo Villas Boas, Anna Toledo, Rodrigo Caetano, Gustavo Trestini, Fernanda Thurann, Thalles Cabral, Chris Couto, Blota Filho, Munir Pedrosa, Selma Egrei, Dudu Ejchel e Fernanda Couto.
“São situações reais e muito próximas de nós, que colocam uma lente de aumento na alma do ser humano. É como se não acreditássemos que aquelas pessoas fossem capazes de explorar essa mulher de forma tão cruel. O filme discute questões muito atuais como a xenofobia, a intolerância e põe em cheque a máxima do sistema capitalista onde, para se obter lucros exorbitantes, é preciso explorar ao máximo o outro, por vezes de formas desumanas”, afirma Felipe Lima, produtor e idealizador da montagem.
Felipe lembra que a peça faz diálogo profundo com os dilemas do Brasil contemporâneo.
“Em tempos de intolerância, de exploração é necessário mostrar que, embora o ser humano tenha uma tendência a agir de modo abusivo em determinadas situações, é preciso impor limites. Nem tudo é aceitável, muito menos tolerável. É preciso exercitar a empatia, olhar com atenção para o outro. E que até a bondade excessiva e a resignação podem ser manifestações de arrogância, de paternalismo. Até que ponto você tem que perdoar no outro atitudes e comportamentos pelos quais se puniria?”, questiona.