Crítica: Envolvente, comédia Na Cama testa limites entre amor e sexo
Envolvente comédia romântica chilena, a peça “Na Cama” com Pedro Bosnich e Cristiane Wersom faz temporada no Teatro Viradalata (r. Apinajés, 1387, Sumaré), em São Paulo, com ingresso popular a R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia. Sábado, 21h30, domingo, 19h, e segunda, 21h, até 18 de fevereiro, com sessão extra dia 25, uma segunda, 21h.
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
“Na Cama” ✪✪✪
Avaliação: Bom
O encontro entre dois convidados de uma festa de casamento que termina em um quarto de motel. O espetáculo “Na Cama”, com os atores Cristiane Werson e Pedro Bosnich, é uma comédia romântica envolvente, que diverte e também faz refletir sobre por onde caminham as diferenças entre amor e sexo e, claro, as escolhas que fazemos no campo amoroso.
Atriz com aguçado tempo para a comédia, Cristiane Werson é o centro nevrálgico da peça, imprimindo força e graça a cada frase que diz, enquanto que Pedro Bosnich funciona como base deste jogo e também flertando com o drama na reta final da obra.
O texto é uma adaptação do simples e eficiente filme “En la Cama”, do chileno Julio Rojas. A história intimista agora está sob direção de Renato Andrade, que calca sua montagem no jogo construído com seus atores, além de utilizar com sabedoria a iluminação de Cesar Pivetti e Vânia Jaconis, dois profissionais de luz sempre propositiva, para passear pelos diferentes climas gerados por aquele encontro.
A cenografia de Cristiano Panzarin, com sua gigante cama estilizada que parece ter saído de um delírio surrealista de Salvador Dalí, é ponto forte estético da montagem.
Com destreza ao testar limites entre amor e sexo, “Na Cama” capta o público para mergulhar naquele singelo momento da vida de Daniela e Bruno. Os dois adultos urbanos fazem daquele encontro fugaz um lugar de desabafo e de reflexão sobre suas próprias vidas e também sobre a solidão, à espreita.
O público se diverte, mas também reflete junto àqueles dois, como deve acontecer em um bom espetáculo de teatro.
Afinal, por mais que estejamos sempre ansiosos por companhia, afeto e carinho ao redor, a vida, no fundo, é uma experiência solitária, do nascimento à morte, na qual antes de estar bem com o outro, cada um precisa se encontrar e se cuidar.