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Artistas negros fazem história no Theatro Municipal com Novos Modernistas

Em noite histórica, um lotado Theatro Municipal de São Paulo aplaudiu mais de 20 artistas negros ao fim do espetáculo “Prot{AGÔ}nistas – O Movimento Negro no Picadeiro” na noite desta quarta (8).

O espetáculo foi habilmente dirigido por Ricardo Rodrigues, que conseguiu arrancar risos e lágrimas do público com temas pulsantes no cotidiano de negros paulistanos, desde sua musicalidade exuberante com visitas ao gospel, ijexá e jazz pela virtuosa banda, até mesmo situações de racismo e violência policial que os negros enfrentam diariamente, poeticamente representadas pelos números circenses, costurando as situações dramáticas com humor inteligente e provocador.

Um destaque que emocionou o público ao fim foi a homenagem ao diretor de cenotécnica do Municipal, Aníbal Marques, conhecido como Pelé, funcionário do espaço desde 1978. Jogar holofote a um profissional negro que atua nos bastidores foi realmente uma atitude louvável da produção e direção do espetáculo.

A superprodução, que atraiu uma efervescente plateia com gente de todos os cantos da cidade, lançou o projeto Novos Modernistas. Criado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, ele pretende celebrar até 2022 o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, que revolucionou as artes brasileiras com ideias vanguardistas que influenciaram posteriormente, por exemplo, a Tropicália de nomes como Caetano Veloso, Helio Oiticica, Gilberto Gil e Zé Celso.

O foco agora é buscar a nova vanguarda na metrópole frenética. A escolha deste espetáculo, farto em música popular e números circenses, foi emblemática e por isso é digna de celebração. Afinal, infelizmente, não é algo cotidiano ver tantos artistas negros no suntuoso e centenário palco paulistano, tampouco a atualmente marginalizada e esquecida linguagem circense, fundamental na história de nossos palcos.

Há pouco tempo sob direção ousada de Hugo Possolo, que é palhaço e vem das artes circenses com seu grupo Parlapatões, o Theatro Municipal ganha ares frescos, inteligentes e altamente conectado aos anseios da população por representatividade.

Ao lado do secretário de Cultura Alexandre Youssef e do prefeito Bruno Covas, Possolo deixa evidente querer tirar a velha pecha de espaço apenas erudito ou elitista do Municipal, para abraçar toda a população da cidade e suas diferentes matizes artísticas, sem medo da palavra popular no emblemático palco.

Isso sedimenta o fato de que o Municipal é um bem público paulistano pertencente a cada morador da maior cidade brasileira, independentemente de sua etnia, gênero ou classe social. Como certa vez disse sabiamente uma amiga deste colunista, o Municipal é de todos e para todos.

“Prot{AGÔ}nistas – O Movimento Negro no Picadeiro”
Lançamento do projeto Novos Modernistas

Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Avaliação: Muito Bom ✪✪✪✪

Ficha técnica:

Concepção e Direção
Ricardo Rodrigues

Banda
Renato Ribeiro – Arranjos, Bateria e Palhaço
Dica L. Marx – Voz e Baixo
Eric de Oliveira – Voz e Palhaço
Jaqueline da Silva – Voz e Pandeiro
Mariana Per – Voz e Flauta
Melvin Santhana – Voz, Guitarra e Violão
Vinicius Ramos – Voz, Trompete e Baixo
To Bernardo – Voz, Trombone e Djembe

Circo
Fafá Coelho – Tecido
Guilherme Awazu – Perna de Pau
Helder Vilela – Faixa
Maiza Menezes – Malabares
Renato Ribeiro – Palhaço
Robert Gomez – Palhaço
Tania Oliveira – Acrobacia no Bambu
Tatilene Santos – Tecido

Dança
Washigton Gabriel – Coreógrafo e Palhaço
Danilo Nonato
Diego Henrique
Pamela Cristina
Rafael Oliveira
Silvana de Jesus
Veronica Santos

 

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Prot{AGÔ}nistas – O Movimento Negro no Picadeiro – Foto: Mariana Ser/Divulgação – Blog do Arcanjo
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