A cantora Larissa Luz é um dos nomes mais interessantes da nova safra da música brasileira. Recentemente, ela foi consagrada no teatro por praticamente incorporar Elza Soares no musical “Elza” (que faz novas temporadas no Rio e em SP) e ainda foi destaque do último verão e Carnaval da Bahia, sua terra natal.
Dona de voz repleta de personalidade e força, além de discurso empoderado, ela faz um som repleto de frescor, inteligência e modernidade.
Após os discos “Mudança” (2012) e “Território Conquistado” (2016), ela lança seu terceiro álbum, “Trovão”. O show de lançamento é na noite desta quinta (9), a partir das 20h, no Largo Tereza Batista, no Pelourinho, em Salvador. Os ingressos custam preço popular: R$ 30 a inteira e R$ 15 a meia.
Larissa define o álbum como uma mistura de “sinestesia, ancestralidade e música eletrônica” com o qual quer criar um “ritual baile” que evoca mitos yorubás, conceito presente no clipe da epifânica canção “Gira”, que acaba de ser lançado com direção de Heitor Dhalia.
O álbum milimetricamente produzido por Rafa Dias contou com participações especiais de Luedji Luna, Lazzo Matumbi e Ellen Oléria. Na composição das canções, estão um novo time de compositoras saídas de diferentes cantos do país, como Bia Ferreira, Doralyce, Flávia Coelho e Ellen Oléria, com quem Larissa assina parcerias.
Larissa Luz conversou com exclusividade com o Blog do Arcanjo sobre o novo trabalho e o clipe que já está sendo visto e comentado. Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado — O que deseja oferecer a seu público com este disco “Trovão”?
Larissa Luz — Penso numa aproximação da nossa identidade ancestral! Um convite a conexão com a natureza mesmo partindo da vivência nos grandes centros urbanos. Um chamado para a percepção e identificação das claves rítmicas que nasceram na África dentro de um contexto atual e futurista. Um elo entre passado e futuro. Algo novo sem ignorar o que fomos ou de onde partimos. Um manifesto contra qualquer prática violenta na direção das religiões de matriz africana.
Miguel Arcanjo Prado — O que significa para você lançar o disco “Trovão” no Pelourinho?
Larissa Luz — Queria um lançamento ritualístico… o Pelourinho é nosso ilê ! Lá fincamos raízes e aterramos algo único que diz respeito à construção da nossa história.
Miguel Arcanjo Prado — Qual é o principal recado do clipe “Gira”?
Larissa Luz — A dança é um elemento de transe. A música conduz esse movimento … tanto nos xirês e giras como na pista, a energia circula quando soltamos o corpo! nós temos a nossa cultura, as nossas formas de conexão com o sublime, os nossos deuses e precisamos que isso seja respeitado. Os ritos religiosos são transmutados diariamente para ritos cotidianos de resistência. A nossa fé é um pilar que nos faz ter força pra seguir!