Atriz da série Sintonia de KondZilla comemora sucesso de Jussara na Netflix
A atriz Rosana Maris está feliz com a repercussão de Jussara, sua polêmica personagem na série brasileira original da Netflix “Sintonia”, dirigida por KondZilla e que se passa em uma comunidade pobre onde o funk é a trilha absoluta. Até meme a geniosa Jussara já virou.
“A repercussão da Jussara tem sido incrível! O público tem se mostrado muito cúmplice dessa mãe protetora, ainda que ela use de extremos no cuidado da filha”, comemora Rosana Maris, em entrevista exclusiva ao Blog do Arcanjo.
“Penso que, talvez, as pessoas percebam que, embora a Jussara seja uma pessoa que tenha pavio curto e personalidade irritadiça, que seja uma mulher que ainda resolve as coisas através da violência verbal ou física, tudo isso não passa de uma defesa de alguém que mora num lugar onde a vida é difícil, que claramente teve uma vida muito dura, que teve uma educação muito parecida com que ela dá para filha”, avalia a atriz.
Para Rosana, esse é o grande diferencial da série, que está no topo dos programas mais vistos na Netflix por aqui.
“Isso de alguma forma aproximou as pessoas da realidade e da humanidade dela. A personagem vai se mostrando durante a série como alguém que tem muito amor pela filha, que significa toda a família que ela tem”, explica.
“E a defesa disso pra ela torna-se algo de leoa mesmo, esse lado de defesa maternal que é irracional, no cuidar da cria”, complementa.
“A Jussara é uma pessoa que não obtém as coisas tão facilmente, nem do Estado, nem do lugar que ela mora. Para ter tudo que precisa, ela precisa se virar, criar uma força gigantesca para continuar existindo como indivíduo, como cidadã e mulher negra periférica, então eu acho que essa representação, focada na verdade dessa mulher que vive aquele dia a dia, trouxe um lugar de respeito do público”, celebra Rosana Maris.
A atriz comemora os novos fãs. “Como atriz, fiquei absolutamente feliz com a resposta do público. Ter essa empatia das pessoas foi um feedback de que minha compreensão dessa personagem resultou em algo verdadeiro e que abre portas para que possamos falar sobre todos os assuntos que cercam a realidade que ela vive”, lembra.
Na visão de Rosana, as pessoas enxergam na série que Jussara “tem humanidade e que é uma pessoa cuidadosa, que vai proteger quem ela ama, custe o que custar”.
A repercussão entre pessoas de todo o Brasil já é grande: “Tenho recebido muitas mensagens carinhosas de adolescentes e de adultos, algumas crianças também têm me reconhecido nas ruas, por incrível que pareça, embora a série seja para pessoas acima de 16 anos [risos]”.
“As pessoas têm tido muito carinho comigo, perguntam muito sobre minha filha Cacau… Tenho me divertido bastante com o fato de as pessoas acharem que realmente a Danielle Olímpia, atriz que faz a Cacau, seja minha filha de verdade, porque somos muito parecidas [risos]”, atesta.
Rosana confessa estar gostando de curtir esse carinho do grande público. “A experiência é realmente incrível. Eu sempre trabalhei com teatro, onde a repercussão é ali direta com o público e de um tamanho muito menor do que quando você faz uma série desse tamanho e com essa proporção que a Netflix dá, que uma produção audiovisual alcança”, fala.
“É uma coisa nova que eu tô me divertindo bastante. E agora também estou ansiosa para que a gente possa continuar esse trabalho e possa numa próxima temporada fazer esses personagens continuarem a contar suas histórias, garantido a integridade de suas falas e conseguindo sempre dar a humanidade que as periferias têm, além de fomentar essa discussão do que as comunidades precisam”, diz.
Rosana ainda lembra um aspecto importante presente em “Sintonia”. “Torço para que fiquemos mais atentos a todas as questões de representatividade, sobretudo dessa mulher brasileira de periferia, que possamos trazer também todas as questões que essa mulher traz consigo e que todos precisam entender melhor, uma vez que ela é de um numero gigantesco nesse país e que precisa de toda a nossa atenção para que possamos evoluir como seres humanos e como nação que acredita e deve cuidar dessas mulheres”, conclui.