Após Kikito em Gramado, cineastas de 30 Anos Blues querem Europa e EUA
Por Miguel Arcanjo Prado
“Receber o Kikito Especial do Júri no 47º Festival de Cinema em Gramado foi muito importante para a nossa carreira”, definem os cineastas Andradina Azevedo e Dida Andrade, do longa “30 Anos Blues”, em conversa exclusiva com o Blog do Arcanjo sobre a emoção no último fim de semana na charmosa cidade da Serra Gaúcha.
Ambos definem “30 Anos Blues” como “um projeto audacioso”, por conta de suas múltiplas locações e numeroso elenco. “Conseguir manter uma unidade estética tanto na atuação quanto na direção foi muito trabalhoso, principalmente com o orçamento baixo que tínhamos”, lembram. “Para sermos honestos, isso não seria possível sem uma equipe e elenco tão talentosos”, elogiam.
“Depois da sessão, pudemos ver o impacto que o filme causou nos espectadores e sentimos que realmente sensibilizamos boa parte deles. Quando nos chamaram para receber o prêmio, a emoção foi enorme, mas a surpresa maior veio depois. Durante a festa de pós-encerramento, descobrimos que houve discussão entre o júri para a escolha de “30 Anos Blues” como ganhador do prêmio”, revelam.
E complementam: “Alguns integrantes não concordavam com a escolha, mas depois de muito debate e devido à paixão dos que foram tocados pela produção, conquistamos mais este Kikito na nossa carreira”. E acrescentam: “Com ’30 Anos Blues’, fizemos um trabalho artístico que foge do óbvio e da aceitação fácil. Depois deste episódio, sabemos que nossa missão foi cumprida e o filme não será esquecido”, vibram.
Andradina e Dida já tiveram seu primeiro longa, “A Bruta Flor do Querer”, premiado com dois Kikitos, de Melhor Direção e de Melhor Fotografia, no Festival de Gramado de 2013.
Assim o júri de Gramado justificou o prêmio para “30 Anos Blues”: “A comissão julgadora decidiu atribuir um prêmio especial pelo provocante filme geracional de dois talentos inquietos, por sua musicalidade interna e por sua dialética formal entre liberdade e controle, que explora na cidade de São Paulo uma tradição inaugurada por John Cassavetes e Jonas Mekas por um cinema menos perfeito e mais vivo”.
Produzido por Mayra Faour Auad, da MyMama, ao lado de Dida e Andradina, “30 Anos Blues” recebeu um total de dez indicações no 47º Festival de Cinema de Gramado, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Direção (Andradina Azevedo e Dida Andrade), Melhor Roteiro (dos diretores com Joao Segall), Melhor Montagem (diretores com Pedro Andreta), Melhor Ator (Andradina Azevedo) e Melhor Ator Coadjuvante (Dida Andrade), Melhor Atriz (Carol Melgaço), Melhor Atriz Coadjuvante (Julia Ianina), Melhor Trilha Sonora (Flávio Iannuzzi) e Melhor Direção de Arte (Marília Franco e Karla Salvoni).
O longa retrata os sintomas da síndrome de Peter Pan vivida pelos personagens que chegam à idade adulta. Ambientada em São Paulo, a trama tem seus diretores como protagonistas e traz Carol Melgaço, Julia Ianina, Adriano Toloza, Bruna Yamatogue, Fabio Penna, Juan Manuel Tellategui e Mariana Hein no elenco, além da participação especial da atriz Cláudia Alencar.
Questionados sobre o futuro do longa, eles adiantam: “Agora, nós e a produtora Mayra Faour Auad estamos à procura de festivais internacionais para estrearmos a produção no exterior, talvez na Europa ou nos Estados Unidos. Depois, pretendemos inscrever “30 Anos Blues” em diversos festivais nacionais e internacionais. Acabando esta etapa de festivais, o filme entra em circuito comercial. Mas o desfecho dessa história toda é que agora o filme não é mais nosso: é do público”, finalizam.